quinta-feira, 24 de março de 2011

Assis Chateaubriand

televisão ao Brasil, inaugurando em 1950 a primeira emissora de TV do país, a TV Tupi. Foi Senador da República entre 1952 e 1957.
Figura polêmica e controversa, odiado e temido, Chateaubriand já foi chamado de Cidadão Kane brasileiro, e acusado de falta de ética por supostamente chantagear empresas que não anunciavam em seus veículos e por insultar empresários com mentiras, como o industrial Francisco Matarazzo Jr.. Seu império teria sido construído com base em interesses e compromissos políticos, incluindo uma proximidade tumultuada porém rendosa com o Presidente Getúlio Vargas.
Nascido no Estado da Paraíba, formado pela Faculdade de Direito da capital do Estado, Assis Chateaubriand criou e dirigiu a maior cadeia de imprensa do país, os Diários Associados: 34 jornais, 36 emissoras de rádio, 18 estações de televisão, uma agência de notícias, uma revista semanal (O Cruzeiro), uma mensal (A Cigarra), várias revistas infantis e uma editora.
A estréia no jornalismo aconteceu aos quinze anos, na Gazeta do Norte. Dedicou-se então Chateaubriand ao jornalismo, escrevendo no "Jornal Pequeno" e no veterano "Diário de Pernambuco". No Diário de Pernambuco enfrentou uma situação inusitada: Teve que dormir na redação do jornal, e chegou a pegar em armas para se defender da multidão que se empoleirava na frente do jornal para protestar contra a vitória do candidato Rosa e Silva (proprietário do jornal). Em 1917, já no Rio de Janeiro, colaborou no "Correio da Manhã", em cujas páginas publicaria impressões da viagem à Europa, em 1920.
Em 1924 assumiu a direção de O Jornal - o denominado "órgão líder dos Diários Associados" - e já, no mesmo ano, consegue comprá-lo graças a recursos financeiros fornecidos por alguns "barões-do-café" liderados por Carlos Leôncio (Nhonho) Magalhães, e por Percival Farquhar que Chateubriand, alegadamente, teria recebido como honorários advocatícios. Substituiu artigos soníferos por reportagens instigantes e deu certo. A partir daí começou a constituir um império jornalístico, ao qual foi agregando importantes jornais, como o Diário de Pernambuco, o jornal diário mais antigo da América Latina, e o Jornal do Comércio, o mais antigo do Rio de Janeiro. No ano seguinte, Chatô arrebatou o Diário da Noite, de São Paulo. Nessa altura, já tinha o jornal líder de mercado na maioria das capitais brasileiras.
A ascensão do império jornalístico de Assis Chateaubriand deve ser entendida no quadro das transformações políticas do Brasil durante as décadas de 1920 e 1930, quando o consenso político oligárquico e fechado da República Velha, centrado em torno da elite agrária de São Paulo, começou a ser contestado por elites burguesas emergentes da periferia do país; não é uma coincidência que Chateaubriand tenha apoiado o movimento revolucionário de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder, assim como durante toda sua vida tenha fanfarroneado a condição de provinciano que chegou ao centro do poder como uma espécie de bucaneiro político. A ética quase nunca constava da estratégia empresarial: chantageava as empresas que não anunciassem em seus veículos, publicava poesias dos maiores anunciantes nos diários e mentia descaradamente para agredir os inimigos. Farto de ver o nome na lista de insultos, o industrial Francisco Matarazzo ameaçou "resolver a questão à moda napolitana: pé no peito e navalha na garganta”. Chateaubriand devolveu: "Responderei com métodos paraibanos, usando a peixeira para cortar mais embaixo”. Foi também inimigo declarado de Rui Barbosa e Rubem Braga. Apesar disso Chatô teve relação cordiais (e sempre movidas a interesses econômicos) com muitas pessoas influentes, o Conde Francisco Matarazzo, Rodrigues Alves, o presidente da poderoso truste canadense de utilidades públicas Light & Power Alexander Mackenzie, o empresário americano Percival Farquhar e Getúlio Vargas.
Caracterizou-se aliás - muito embora fosse um representante típico da burguesia nacional emergente da época - pelas posturas pró-capital estrangeiro e pró-imperialismo, primeiro o britânico, depois o americano: além de muito ligado aos interesses da City londrina (a escandalosa embaixada na Inglaterra, na década de 50, foi a realização de um velho sonho pessoal), conta a anedota que ele teria uma vez dito que o Brasil, perante os EUA, estava na condição de uma "mulata sestrosa" que tinha de aceder às vontades dos seu gigolô...
Não obstante a amoralidade assumida, Assis foi um empresário genuíno, com espírito inquieto e empreendedor, sempre adquirindo novas tecnologias para os Diários Associados, foi assim com a máquina Multicolor, a mais moderna máquina rotativa que se tinha noticia, e cujo o grupo de Chateaubriand foi o 1º e único a possuir por longo tempo, e foi assim também com os serviços fotográficos da Wide World Photo, esses serviços possibilitavam uma transmissão de fotos do exterior com uma rapidez muito maior do que possuía qualquer outro veículo nacional. Foi assim também com a publicidade, grandes contratos de exclusividade para lançamento de produtos com a General Eletrics, e para o Pó achocolatado Toddy, cujos anúncios estavam sempre nas paginas dos jornais e revistas. Além disso, a moda dos anúncios em jornal pegou e nas páginas dos jornais dos Diários Associados apareciam anúncios sobre modess e cheque bancário, itens que na década de 1930 eram revolucionários.
Publicou mais de 11870 artigos assinados nos jornais dando oportunidades a escritores e artistas desconhecidos que depois virariam grandes nomes da literatura, do jornalismo e da pintura, dentre eles Graça Aranha, Millôr Fernandes, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Cândido Portinari, entre outros.
Com o tempo Chateaubriand foi dando menos importância aos jornais e focando em novas empreitadas, como o rádio e a televisão. Na década de 1960 os jornais atolavam-se em dívidas e trocavam as grandes reportagens por matérias pagas. Foi assim, com esse espírito de vencedor, empreendedor, às vezes sem muita ética, mais temido do que amado, que Assis Chateaubriand fundou e ruiu em dívidas (advindas das novas tecnologias importadas) com o maior império das telecomunicações no país.
Dois dos veiculos de comunicação lançados no início da década por Assis Chateaubriand o jornal Correio Braziliense, junto com a TV Brasília fundados em 21 de abril no mesmo dia da fundação de Brasília.
A única obra que ficou para a posteridade foi o Museu de Arte de São Paulo (MASP), com uma coleção particulat de pinturas de grandes mestres europeus que ele havia sabido adquirir a preços de ocasião na Europa empobrecida do Pós-Segunda Guerra Mundial (em aquisições por vezes financiadas a base da chantagem de empresários brasileiros), coleção esta que o presidente Juscelino Kubitschek havia tido o bom senso de, durante o governo, colocar sob a gestão de uma fundação, em troca de auxílio governamental ao pagamento de parte da astronômica dívida do condomínio associado.
Em 10 de agosto de 1967, Assis Chateaubriand entregou ao Magnífico Reitor da Fundação Universidade Regional do Nordeste (hoje UEPB), Prof. Edvaldo de Souza do Ó, o primeiro acervo do Museu Regional de Campina Grande, localizado em Campina Grande - PB. O acervo foi chamado de "Coleção Assis Chateaubriand, com 120 peças. A partir daí o museu passou a ser chamado de "Museu de Artes Assis Chateaubriand".
Em 1968 morria Chateaubriand, velado ao lado de duas pinturas dos grandes mestres: um cardeal de Velázquez e um nu de Renoir, simbolizando, segundo o protegido, o arquiteto italiano e organizador do acervo do MASP Pietro Maria Bardi, as três coisas que mais amou na vida: O poder, a arte e a mulher pelada. Morreu também com o império se esfacelando e com o surgimento do reinado de Roberto Marinho.
O Condomínio Acionário das Emissoras e Diários Associados é conjunto o 6º maior grupo de comunicações do país. Tendo como carro chefe cinco jornais em grandes cidades do Brasil, líderes em suas respectivas praças (dos 15 que ainda restam).
Foi um dos homens mais influentes do Brasil nas décadas de 40 e 50 em vários campos da sociedade brasileira. Foi dono de um império jornalístico – os Diários e Emissoras Associadas –, que começa a se formar no final dos anos 30 e chega a reunir mais de cem jornais, revistas, estações de rádio e de TV. Pioneiro na transmissão de televisão brasileira, cria a TV Tupi em 1950.
Durante o Estado Novo, consegue de Getúlio Vargas a promulgação de um decreto que lhe dá direito à guarda de uma filha, após a separação da mulher. Nesse episódio, profere uma frase célebre: “Se a lei é contra mim, vamos ter que mudar a lei”. Em 1952 é eleito senador pela Paraíba e em 1955 pelo Maranhão, em duas eleições escandalosamente fraudulentas. É temido pelas campanhas jornalísticas que move, como a em defesa do capital estrangeiro e contra a criação da Petrobrás. Funda o Museu de Arte de São Paulo em 1947. Com o suicídio de Getúlio Vargas, assume a cadeira 37 da ABL- Academia Brasileira de Letras. Trabalha até o final da vida, mesmo depois de uma trombose ocorrida em 1960, que o deixa paralisado e capaz de comunicar-se apenas por balbucios e por uma máquina de escrever adaptada.
Deixou os Diários Associados para um grupo de 22 funcionários, atualmente liderados por Álvaro Texeira da Costa.

Os Camisolões


Primeira noite de núpcias. A esposa começou a desfazer as malas e espantou-se com a desorganização de Chateaubriand. Entre as roupas amarrotadas, descobriu três camisolões e uma inusitada touca presa por um elástico, semelhante a um pequeno coador de café. "Os camisolões eu uso desde garoto, são mais confortáveis que qualquer pijama", avisou Chatô. "A queixeira é para manter a boca fechada e evitar o ronco." Esmiuçando mais, Maria Henriqueta encontrou dez lápis pretos e várias resmas de papel. Nem era preciso dar explicações. Sem a menor aptidão para aprender datilografia, ele usou aqueles instrumentos rudimentares para escrever, durante meio século, a coluna diária que publicava no influente império dos Diários Associados.
Ao mesmo tempo genial e maquiavélico, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo (nascido a 4 de outubro de 1891, em Umbuzeiro, Paraíba) foi gago até os dez anos de idade. Inexplicavelmente curado, mudou-se para o Recife. A vergonha do corpo não o permitia sequer um banho de mar. Magrela, mal passava o metro e 60 de altura. A estréia no jornalismo aconteceu aos 15 anos, na Gazeta do Norte. Não demorou a suscitar polêmicas com figurões da cidade em textos ferinos. Os artigos começaram a ecoar no Rio de Janeiro e seu no-me ficou ainda mais conhecido quando venceu um concurso para lecionar Direito.

Ameaça paraibana


Logo ele abandonou o projeto de dar aulas e se tornou um jovem respeitado nas redações cariocas. Mas continuou se dedicando aos tribunais durante três anos. Juntou dinheiro, acumulou contatos e, em 1924, comprou O Jornal. Substituiu artigos soníferos por reportagens instigantes e deu certo. No ano seguinte, Cha-tô arrebatou o -Diário da Noite, de São Paulo. A ética quase nunca constava da tática para cres-cer. Chantagiava as empresas que não anunciassem em seus veículos e mentia descaradamente para agredir os inimigos. Farto de ver seu nome na lista de insultos, o industrial Francisco Matarazzo Jr. ameaçou "resolver a questão à moda napolitana: pé no peito e navalha na garganta." Chateaubriand devolveu: "Responderei com métodos paraibanos, usando a peixeira para cortar mais embaixo."
A essa altura, já tinha o jornal líder de mercado na maioria das capitais brasileiras. Em 1935, ele entrou na era do rádio, inaugurando a Tupi de São Paulo. E, em 1949, trouxe a novidade revolucionária com que se encantara no Exterior: a televisão. Na semana da primeira transmissão, convidou os homens mais influentes do País para um bufê, mas mandou servir guaraná e pão com mortadela para todos. Quem quisesse pratos finos que desembolsasse milhares de cruzeiros. O dinheiro iria para a compra de quadros -, o Museu de Arte de São Paulo, seu grande devaneio, estava funcionando havia dois anos.
Chateaubriand cansou de negociar empréstimos - evidentemente nunca pagos - com os presidentes Getúlio Vargas e Eurico Gaspar Dutra. Elegeu-se senador duas vezes e só deixou o cargo para ocupar a Embaixada do Brasil em Londres, em 1957. Ao encontrar o ex-primeiro-ministro Winston Churchill, sacou da valise de couro um chapéu de cangaceiro e o sagrou "Cavaleiro da Ordem do Jagunço".

Pés de barro


Quando Chatô foi internado em 1960, com trombose, o gigante começou a mostrar que estava apoiado em pés de barro. Sem o velho capitão por perto -, tetraplégico, ficara condenado a uma cadeira de rodas -, despencaram as vendas da revista O Cruzeiro, que no auge atingiram 800 mil exemplares. Os jornais atolavam-se em dívidas e trocavam as grandes reportagens por matérias pagas. O império se esfacelava e Chatô assistia ao surgimento do reinado de Roberto Marinho. Convenceu o Congresso Nacional a abrir uma CPI sobre o que entendia ser um empréstimo fraudulento obtido por Marinho junto ao grupo americano Time-Life para viabilizar a Rede Globo. Partiu para o ataque pessoal e xingou o rival de "cafuzo, crioulo e mameluco". Chegou a sugerir que Marinho fosse submetido a um processo sumário e enviado para a ilha de Fernando de Noronha, onde ficavam os presos políticos e os corruptos "com a cabeça raspada". Esperneou em vão. Morreu a 4 de abril de 1968, deixando seu maior patrimônio, os Diários e Emissoras Associados, para um grupo de 22 funcionários.

Você sabia?


Pregava os olhos no meio de discursos solenes e espetáculos teatrais. Para evitar vexame, alertava o secretário: "Enquanto for apenas um cochilo, deixe-me dormir em paz que eu acordo logo. Quando começar a roncar muito alto, chute minha canela sob a mesa."


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