quarta-feira, 16 de março de 2011

BENEDITO "MÃO DE FERRO" NELSON - 1º BRASILEIRO FAIXA PRETA

A Lenda da Mão-de-Ferro


Benedito "Mão de Ferro" em sua juventude
No ano de 1942, na Vila de Santa Isabel na grande São Paulo nasceu Benedito Nelson Augusto dos Santos, filho da lavadeira Georgina Malachias e do pedreiro Nelson dos Santos. Hoje aposentado pela Aeronáutica, continua seu trabalho de confecção de espadas, possui o Oitavo DAN, dá aula de karatê de combate e karatê desportivo, reside em Porto Velho com sua mulher e alguns alunos, construindo um condomínio onde todos tem sua casa própria e podem estar mais próximos para praticar e fazer exercícios para uma melhor observação de si, aumentando a consciência, tornando-se uma melhor pessoa e um melhor cidadão. Este é Benedito Nelso o "Mão-de-Ferro".
Como surgiu o nome Mão-de-Ferro...
Na véspera de um campeonato, aproximadamente no ano de 74, no Rio de Janeiro, Benedito com seus 68 kg estava treinando na academia de um amigo, quando este lhe apresentou um rapaz que estava no auge de sua carreira pois vencera alguns campeonatos com seus 92 kg. Benedito foi convidado pelo rapaz a lutar Jiu-Kumite. Segundo a etiqueta oriental essa atitude já foi de desrespeito, porém Benedito aceitou o convite, considerando-o como um desafio de um novato.

Revista em quadrinhos em homenagem a Benedito Nelson
O rapaz partiu com fúria para cima de Benedito, dando um mawashi-gueri seguido de um guiako, Benedito se esquivou num tai-sabaki e com um kizami-zuki soltou a mão na direção da maçã do rosto do rapaz, que no mesmo instante se abriu num profundo corte.

Benedito Nelson imediatamente levou o rapaz ao Miguel Couto (pronto-socorro). Chegando lá, o médico que o atendeu não aceitou em hipótese alguma que a pancada era proveniente de um murro e registrou no seu prontuário que a pancada foi devido a um “golpe de barra de ferro”.

Os amigos de Benedito que ali estavam ouviram o que o médico disse e concordaram que se aquela pancada fosse realmente de um murro, a mão teria que ser de ferro e foi naquele momento que apelidaram Benedito Nelson de o “Mão-de-Ferro”.


No ano de 1942, na Vila de Santa Isabel na grande São Paulo nasce Benedito Nelson Augusto dos Santos, filho da lavadeira Georgina Malachias e do pedreiro Nelson dos Santos.
D.Georgina, como era conhecida, negra pertencente a linha de candomblé Jêje, frequentadora da catedral de Vila Isabel e colaboradora nas obras sociais do bairro, coloca o nome de seu primeiro filho: Benedito, em homenagem a São Benedito. Seu Nelson, o pai, traz  o gosto pela música, de origem italiana e de família evangélica da Congregação Cristã do Brasil apelida seu filho de Nano, o pequeno querido de todos.
De origem humilde porém honesta, Benedito Nelson cresce junto com seu bairro e sua cidade. Já na adolescência passa a admirar os malandros da época que eram o protótipo do bon vivan, homens arrumados, educados, queridos pela comunidade, lutadores, porém não gostavam muito do trabalho e eram sustentados por alguém. Certa vez BNAS comenta com seu pai que admira o malandro, dizendo que eles são homens de verdade, quando seu pai o repreende dizendo: “Homem de verdade é aquele que trabalha todo dia, paga suas contas, sustenta sua família e educa seus filhos.”
Quando estava numa quermesse do seu bairro, BNAS presencia o malandro mais famoso, o Tonhão-preto  levar uma facada de outro rapaz e de repente toda aquela força do malandro se transforma em fragilidade devido ao golpe que levou. Intrigado com a vulnerabilidade do homem, BNAS começa a questionar como ser forte e anular o golpe de uma arma. À convite de seu amigo Claudio Rosa, BNAS começou a frequentar a academia “Máquinas Moreira” na rua da Moóca e decidiu treinar Box, porém na mesma academia existia um setor chamado “Academias Ono” que tinha treino de Judô. Enquanto treinava box, BNAS admirava os treinos de Judô e Jiu Jitsu, mas seus amigos falavam que lugar de negro é no box e aquilo era luta de oriental. O magnetismo das Artes Marciais foi tanto que pediu para sua mãe costurar com uma toalha velha seu kimono, que no primeiro treino de Judô voltou aos trapos. Por um tempo treinou Judô e Jiu Jitsu com o professor Seizi Haniuda, mas conhecido como Professor Osvaldo. Assim começou sua paixão pela cultura oriental, histórias e costumes.
Certa vez observando seu amigo treinar box, notou uma diferença nos seus golpes e perguntou o que este estava treinando, foi quando ouviu pela primeira vez a palavra Karate.
Seu amigo Claudio disse que estava aprendendo Karate com um senhor japonês conhecido como “velho”, no bairro Casa Verde, colônia de imigrantes japoneses. BNAS pediu para conhecê-lo porém no primeiro encontro o velho mandou ele dar meia volta e ir embora, porque não queria ensinar Karate para ninguém. Já no ponto de ônibus, de volta para casa BNAS ficou indignado e voltou na residência do Velho e disse que ficaria ali até ele lhe ensinar Karate. O velho sorriu e pediu que ele voltasse no próximo sábado à tarde. Assim o velho o iniciou no treinamento filosófico sobre a conduta de um guerreiro, teve aulas de etiqueta japonesa, aprendeu a falar e escrever nihongo, treinou seu corpo e sua mente incansavelmente. O velho se chamava Jiro Takaesu, vindo de Okinawa e ensinou BNAS a arte de treinar o Makiwara, Iawara e as ginásticas para formação dos músculos de um verdadeiro combatente. Com o passar do tempo e a evolução do aprendizado de seu aluno, o velho resolveu levar BNAS para treinar em uma academia com um mestre de karate que havia chegado a pouco tempo no Brasil, chamado Shikan Akamine. Foi com o sensei Akamine que BNAS aprendeu Kobudo e a lutar Goju-Ryu, também aprendeu Hone-sugui. Na sua turma estava o imigrante Juichi Sagara e juntos iniciaram uma grande amizade.
Nessa mesma época BNAS se alistou na Aeronáutica e lá seguiu carreira de mecânico de aviões e depois passou a trabalhar no Serviço de Inteligência e Segurança da Aeronáutica.
Foi com colegas da aeronáutica que ficou sabendo que existe algo mais além da vida comum e começou a treinar Yoga, porém sentia que precisava de algo mais e ficou conhecendo a Fraternidade Rosacruciana de São Paulo, dirigida pelo Professor Lourival Pereira. Trabalhou e estudou durante anos a Filosofia Rosacruciana e sob indicação de seu mentor, leu sobre a obra de George Ivanovitch Gurdjieff. Conhecendo um pouco mais sobre o Quarto Caminho, BNAS comenta com o professor Lourival que finalmente achara o que vinha procurando durante tanto tempo, sem desmerecer os ensinos Rosacrucianos. O professor Lourival comentou que o importante era trabalhar pela evolução humana pregando e praticando o amor a Deus e ao próximo.
Enquanto treinava seu espírito, BNAS continuava sua caminhada no Karate de combate com o velho Takaesu, o Karate Goju-Ryu com sensei Akamine e também Judô e Jiu-Jitsu, foi quando conheceu através de seu amigo Juichi Sagara o Karate Shotokan. BNAS ficou maravilhado com a expansão dos movimentos desse estilo e passou a treinar também o Shotokan. Vieram da Universidade Takudai do Japão para o Brasil 3 professores do Estilo Shotokan: Yasutaka Tanaka, Sadamu Uriu e Tetsuma Higashino. Juntos com Juichi Sagara formaram a NKK do Brasil. A primeira turma formada era composta pelos alunos: BNAS, Milton Osaka, Hiroyasu Inochi . Chegou um momento que BNAS teve que fazer sua escolha e optou pelo karate Shotokan, mesmo tendo adquirido grau no Goju-Ryu. Como toda escolha requer uma renúncia, ele passou a treinar Karate Shotokan com Sagara e não treinou mais com o sensei Akamine, pois este não aceitava o treino dos dois estilos, mas mesmo assim BNAS continuou treinando com seus amigos Paulo Nakaema e Ryuzo Watanabe.
Nessa mesma época que iniciara o treino shotokan  na década de 60, BNAS começou a se interessar pelo Bushi-Do. Começou a conviver com imigrantes japoneses e aprendeu muitas histórias de Samurais e guerras, foi quando surgiu seu interesse pela katana, espada de samurai.
Depois de um bom tempo treinando com Juichi Sagara e com os outros três professores, chegou o momento do exame de graduação que naquela época era de branca para preta. BNAS fez o exame, mas por motivos culturais e até raciais não lhe deram a faixa-preta. Decepcionado e atingido pela revolta, BNAS foi na aula seguinte com uma faixa marrom e seguindo a etiqueta que dita a regra de que um menos graduado pode bater no graduado ( porque todo graduado tem a obrigação de saber se defender ), BNAS lutou com os outros alunos e o resultado foi um vestígio de sangue e ossos quebrados. Com a compreensão que tinha naquela época, BNAS lutou o Karate de combate, mostrando a todos que estava apto a receber a faixa-preta e assim o conseguiu após duas semanas.
Logo em seguida, a Aeronáutica havia lhe transferido para o Rio de Janeiro contra sua vontade. Lá começou a dar aula de Karate, iniciando a Hien Kan que logo em seguida cresceria de tal forma sendo necessário criar a HKK ( Hien Karate Kyokai), associação de Karate. Nessa época participou de diversos campeonatos de Judô, ganhando peso leve e médio das Forças Armadas. Ao mesmo tempo que trabalhava na Aeronáutica e dava aulas de Karate e Judô, BNAS começou a fabricar espadas e conheceu o Instituto Laranjeiras que praticava os exercícios do Quarto Caminho, que na época se localizava na rua Álvaro Alvim.
Mesmo morando no Rio de Janeiro BNAS ia com frequência a SP participar de treinos de Karate com seu amigo e professor Juichi Sagara, visitava o velho Takaesu e também visitava seus pais e seu irmão Ubirajara. Foi aproximadamente nessa época que conheceu AE no Rio de Janeiro e juntos deram início a família Gobbi dos Santos, porém nessa mesma época morre sua mãe, D.Georgina, que recebe a homenagem do bairro, tendo uma rua com seu nome na Vila de Santa Isabel. A. E. acompanhava o trabalho do seu marido, pois a academia era embaixo da sua casa e nesse ambiente recheado de traços orientais nasceram seus três filhos: Sidi , Tatiani e Íris.
Foi na década de 80/90 que BNAS começou a trabalhar como segurança e se formou como instrutor de tiro de combate e Snipper. Um de seus divertimentos era a criação de curió, chegando a fazer parte do Clube de criadores de Curió. Seu casamento com AE já não estava bem e os dois terminaram por se separar e BNAS ficou criando seus três filhos sozinho. Nessa época entrou em contato com a feira de antiguidades e começou a comprar e vender espadas japonesas, trocando conhecimentos com o marchand Laerte Ottaiano e Armando Gamelas.
Na época que estava trabalhando com intensidade na Aeronáutica e como segurança, BNAS conheceu a jovem EA e com ela teve sua filha caçula Endinha. Chegou a trabalhar na segurança do presidente Costa e Silva, Médici e Geizel, na equipe de segurança do Papa e durante muito tempo trabalhou para uma conceituada família carioca, a família Barata. Seu casamento com End chegara ao fim BNAS resolveu se dedicar melhor a antiguidade e a confecção de espadas,chegando a conhecer o fabricante de armas Juan Daumal.Seus três primeiros filhos estavam crescendo e BNAS estava conhecendo um francês que viera comandar o Grupo de gurdjieff do Rio de Janeiro chamado Marcel Orandi. BNAS ficou encantado com a didática aplicada pelo instrutor e se dedicou mais ainda as tarefas do Quarto Caminho.
A HKK estava crescendo muito, suas vendas de espada também, estava feliz com o trabalho realizado por Marcel, seus filhos já estavam adolescentes, quando chegou a conhecer a viúva K. R. e seu filho. Foi ela quem lhe apresentou um grande tesouro para sua vida, ela o levou para conhecer o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal. Após se deparar com os mistérios da floresta amazônica, BNAS resolveu mudar algumas coisas em sua vida, foi morar com K.R. e se associou na União. Resolveu se dedicar mais ao karate, mas para isso precisava de um local para ser a sede de sua associação, foi quando trabalhou com mais afinco como segurança, chegando até a se ausentar um pouco dos exames e aulões de karate. Após a construção da sede e já com seus filhos concluindo a faculdade percebeu que sua ausência na Associação fez com que o karate de seus alunos enfraquecesse, assim como a união entre eles. Saiu do serviço de segurança e começou a resgatar alguns alunos.Enquanto estava trabalhando muito, seu instrutor do Quarto Caminho havia ido embora para a Bahia, deixando-o desanimado de continuar o trabalho com a nova direção do Instituto.
Foi no ano de 2000 que começou a dar palestras sobre os ensinos de Gurdjieff para um grupo de atores e nessa mesma época já estava começando seu processo de separação com K.R. O Grupo de estudo foi crescendo e mudando seus locais de palestra a medida que uns iam entrando e outros saindo, foi nesse momento que conheceu Maria Nayara, hoje sua atual mulher. De 2000 até os dias de hoje fundou e fortaleceu um grupo de estudos do Quarto Caminho chamado GTG ( Grupo de Trabalho de Gurdjieff ) que estuda os ensinos, pratica os movimentos e exercícios ministrados por Gurdjieff, todos praticam karate e participam da Fraternidade Rosacruciana de São Paulo.
BNAS, hoje aposentado pela aeronáutica, continua seu trabalho de confecção de espadas, possui o Oitavo DAN no Karate, dá aula de karate de combate e karate esportivo, comanda três grupos de estudo da Psicologia de Gurdjieff, se atualiza constantemente das feiras de antiguidade e hoje reside em Porto Velho com sua mulher e alguns alunos, construindo um condomínio onde todos tem sua casa própria e podem estar mais próximos para praticar as danças sagradas, treinos e exercícios para uma melhor observação de si, aumentando a consciência, tornando-se uma melhor pessoa e um melhor cidadão."


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