quarta-feira, 7 de março de 2012

Israel reforça combate ao terrorismo


Israel reforça combate ao terrorismo na Península do Sinai

Forças israelenses veem relaxamento na patrulha do lado egípcio da fronteira, principalmente após revolta que derrubou Mubarak

Por muitas décadas, as montanhas do Deserto de Negev ao longo da fronteira com o Egito eram um convite às praias selvagens da Península do Sinai. Hoje, pelo menos no lado israelense, as montanhas são palco de uma violenta disputa.
Há seis meses, um ataque terrorista perto do resort de Eilat matou oito israelenses. Desde então, a tensão de Israel ganhou uma forma física: uma cerca de 240 quilômetros e quase cinco metros de altura que corre para construir na fronteira entre Eilat e Gaza.
Foto: NYT
Soldados israelenses supervisionam construção de cerca na Península do Sinai (15/02)
Para aumentar ainda mais a tensão, um invasor não identificado foi morto por forças israelenses na madrugada de segunda-feira. Os policiais patrulhavam uma área ainda não protegida por cercas e trocaram tiros com um grupo de supostos contrabandistas. No mês passado, por duas vezes os policiais que patrulhavam a fronteira encontraram malas cheias de explosivos que, de acordo com o Exército israelense, foram deixadas por homens que correram para o lado egípcio da fronteira.
Em agosto, ao longo da estrada conhecida como Rota 12, as forças israelenses mataram três agressores e cinco policiais egípcios que cruzaram a fronteira israelense. Como retaliação, egípcios furiosos invadiram e saquearam a Embaixada de Israel no Cairo, pondo fim a um período de 30 anos de paz entre os países, que já estavam com as relações diplomáticas abaladas depois daderrubada do então presidente Hosni Mubarak, um antigo aliado.
Uma parte da Rota 12 próxima ao Egito – onde os atiradores emboscaram um ônibus israelense, carros particulares e soldados do Exército – foi reaberta para o público pela primeira vez no domingo passado.
Recentemente, o departamento antiterrorismo divulgou nota pedindo que turistas não visitem a região do Sinai, onde grupos de beduínos armados têm sequestrado turistas estrangeiros, resorts turísticos têm sido roubados e dutos de gás natural têm sido atacados.
Militares de Israel dizem que há centenas de terroristas no Sinai, com a maior parte da atividade vindo de palestinos reivindicando Gaza e, numa menor escala, de grupos jihadistas do norte da África. No entanto, depois de uma operação militar na área, o Ministro do Interior egípcio – talvez muito otimista – declarou a área livre de qualquer militante terrorista.
Ele disse que não reclama do fato de Israel tentar proteger suas fronteiras com uma cerca. Mas um beduíno, falando sob condição de anonimato por medo de ser preso, disse que seu grupo está furioso porque, se colocada em prática, a ideia vai interferir no contrabando entre fronteiras.
Muitas são as dificuldades em patrulhar a área. Militares dizem ser cada vez mais difícil distinguir entre criminosos, refugiados, terroristas, amigos ou inimigos.
Militares israelenses ainda não sabem dizer se o ataque em agosto foi feito por palestinos, beduínos ou fugitivos do governo egípcio.
Outra dificuldade é ter a ideia de fronteira aceita por beduínos do sul de Israel, que têm raízes nômades e uma tradicional falta de respeito por limites criados por governos. Sem fonte alternativa de renda e negligenciados por autoridades, eles têm feito do contrabando e do tráfico de pessoas a maior parte de suas vidas. Entre as mercadorias contrabandeadas por eles há drogas leves e armas. Os mais sofisticados são equipados com veículos off-road e binóculos de visão noturna.
As rotas de contrabando também estão servindo para trazer mais refugiados e imigrantes para Israel. Desde 2005, o número de pessoas que cruzaram a fronteira nessa condição já ultrapassa 50 mil africanos. A ideia de uma cerca dividindo as fronteiras ajudaria a restringir o fluxo.
A cerca, agora já pela metade, é apenas parte de um sistema criado para aumentar a segurança na fronteira, que inclui novas fortificações e um avançado sistema tecnológico de vigilância.
Os militares também vão usar métodos tradicionais, com uma unidade do Exército composta na sua maioria de beduínos com a missão de localizar e reportar os rastros deixados por outros beduínos em trilhas paralelas à fronteira.
Quando questionado sobre como ele se sentia ao revelar os rastros de outros beduínos, o comandante beduíno do Exército na área deu de ombros e respondeu “Cada um tem o seu emprego.”
Por Isabel Kershner e David D. Kirkpatrick

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