quinta-feira, 17 de março de 2011

Acidente radiológico de Goiânia - Brasil

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O acidente radiológico de Goiânia, amplamente conhecido como acidente com o Césio-137, foi um grave episódio de contaminação por radioatividade ocorrido no Brasil. A contaminação teve início em 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado em radioterapias das instalações de um hospital abandonado foi encontrado, na zona central de Goiânia, no estado de Goiás. Foi classificado como nível 5 na Escala Internacional de Acidentes Nucleares.
O instrumento, irresponsavelmente deixado no hospital, foi encontrado por catadores de papel, que entenderam tratar-se de sucata. Foi desmontado e repassado para terceiros, gerando um rastro de contaminação, o qual afetou seriamente a saúde de centenas de pessoas.


A natureza da fonte contaminadora
A contaminação em Goiânia originou-se de uma cápsula que continha cloreto de césio - um sal obtido do radioisótopo 137 do elemento químico césio. A cápsula radioativa era parte de um equipamento radioterapêutico, e, dentro deste, encontrava-se revestida por uma caixa protetora de aço e chumbo. Essa caixa de proteção continha também uma janela feita de irídio, que permitia a passagem da radiação para o exterior.
A caixa contendo a cápsula radioativa estava, por sua vez, contida num contentor giratório que dispunha de um colimador. Este servia para direcionar o feixe radioativo, bem como para controlar a sua intensidade.
Não se pôde conhecer ao certo o número de série da fonte radioativa, mas pensa-se que a mesma tenha sido produzida por volta de 1970, pelo Laboratório Nacional de Oak Ridge, nos Estados Unidos da América. O material radioativo contido na cápsula totalizava 0,093 kg e a sua radioatividade era, à época do acidente, de 50,9 Terabecquerels (TBq) ou 1375 Ci.[1]
O equipamento radioterápico em questão era do modelo Cesapam F-3000. Foi projetado, nos anos 1950, pela empresa italiana Barazetti e Cia., e comercializado pela empresa italiana Generay SpA.
Localização atual do equipamento
Poucas pessoas sabem, mas o objeto onde encontrava-se a cápsula de césio foi recolhido pelos militares do Exército, da Seção hoje conhecida como DQBN (defesa química biológica e nuclear) e encontra-se exposto atualmente como um troféu em agradecimento aos que participaram da limpeza da área contaminada, no interior da Escola de Instrução Especializada (EsIE), em Realengo na cidade do Rio de Janeiro, capital.
Eventos
Centro de Cultura e Convenções, erguido sobre as ruínas do Instituto Goiano de Radioterapia
Área que abrigava o ferro-velho da Rua 26-A
A origem do acidente
O Instituto Goiano de Radioterapia (IGR) era um instituto privado, localizado na Avenida Paranaíba, no Centro de Goiânia. O equipamento que gerou a contaminação na cidade entrou em funcionamento em 1971, tendo sido desativado em 1985, quando o IGR deixou de operar no endereço mencionado. Com a mudança de localização, o equipamento de teleterapia foi abandonado no interior das antigas instalações. A maior parte das edificações pertencentes à clínica foi demolida, mas algumas salas - inclusive aquela em que se localizava o aparelho - foram mantidas em ruínas.[2]
O desmonte do equipamento radiológico
Foi no ferro-velho de Devair que a cápsula de césio foi aberta para o reaproveitamento do chumbo. O dono do ferro-velho expôs ao ambiente 19,26 g de cloreto de césio-137 (CsCl), um sal muito parecido com o sal de cozinha (NaCl), mas que emite um brilho azulado quando em local desprovido de luz. Devair ficou encantado com o pó que emitia um brilho azul no escuro. Ele mostrou a descoberta para a mulher Maria Gabriela, bem como o distribuiu para familiares e amigos. Pelo fato de esse sal ser higroscópico, ou seja, absorver a umidade do ar, ele facilmente adere à roupa, pele e utensílios, podendo contaminar os alimentos e o organismo internamente. Devair passou pelo tratamento de descontaminação no Hospital Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, e morreu sete anos depois.
A exposição à radiação
Tão logo expostas à presença do material radioativo, as pessoas em algumas horas começaram a desenvolver sintomas: náuseas, seguidas de tonturas, com vômitos e diarreias. Alarmados, os familiares dos contaminados foram inicialmente a drogarias procurar auxílio, alguns procuraram postos de saúde e foram encaminhados para hospitais.
A demora na detecção
O que restou do terreno na Rua 57, onde a cápsula de Césio 137 começou a ser desmontada
Os profissionais de saúde, vendo os sintomas, pensaram tratar-se de algum tipo de doença contagiosa desconhecida, medicando os doentes em conformidade com os sintomas descritos. Maria Gabriela, esposa do dono do ferro velho, desconfiou que aquele pó que emitia um brilho azul era o responsável pelos sintomas que ocorriam na sua família. Ela e um empregado do ferro-velho do marido levaram a cápsula de césio para a Vigilância Sanitária, que ainda permaneceu durante dois dias abandonada sobre uma cadeira. Durante a entrevista com médicos, a esposa do dono do ferro velho relatou para a junta médica que os vômitos e diarreia se iniciaram depois que seu marido desmontou aquele "aparelho estranho". Só então, no dia 29 de setembro de 1987, foi dado o alerta de contaminação por material radioativo de milhares de pessoas. Maria Gabriela foi um dos pacientes tratados no Hospital Marcílio Dias, no Rio de Janeiro. Foi a primeira vítima da contaminação, falecendo no dia 23 de outubro de 1987 de complicações relativas à contaminação com césio. Outra vítima, considerada o retrato da tragédia, Leide das Neves Ferreira, ingeriu involuntariamente pequenas quantidades de césio depois de brincar com o pó azul. A menina de seis anos foi a vítima com a maior dose de radiação do acidente.
Terreno onde estava edificado o Estádio Olímpico Pedro Ludovico (foto de 30-04-2010)
Não conseguiu sobreviver e morreu no dia 23 de outubro de 1987, duas horas depois da tia. Foi enterrada em um caixão blindado, erguido por um guindaste, por causa das altas taxas de radiação. O seu enterro virou uma disputa judicial, pois os coveiros e a população da época não aceitavam que ela fosse enterrada, mas sim cremada para que os seus restos mortais não contaminassem o solo do cemitério. Depois de dias de impasse, Leide foi enterrada em um caixão de chumbo lacrado para que a radiação fosse contida.
O governo da época tentou minimizar o acidente escondendo dados da população, que foi submetida a uma "seleção" no Estádio Olímpico Pedro Ludovico; os governantes da época escondiam a tragédia da população, que aterrorizada procurava por auxílio, dizendo ser apenas um vazamento de gás. Outra razão é que Goiânia sediava, na época, o GP Internacional de Motovelocidade no Autódromo Internacional Ayrton Senna e o Governo do Estado Iris Rezende não queria que o pânico fosse instalado nos estrangeiros.
A contaminação
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) mandou examinar toda a população da região. No total 112 800 pessoas foram expostas aos efeitos do césio, muitas com contaminação corporal externa revertida a tempo. Destas, 129 pessoas apresentaram contaminação corporal interna e externa concreta, vindo a desenvolver sintomas e foram apenas medicadas. Porém, 49 foram internadas, sendo que 21 precisaram sofrer tratamento intensivo; destas, quatro não resistiram e acabaram morrendo.
Muitas casas foram esvaziadas, e limpadores a vácuo foram usados para remover a poeira antes das superfícies serem examinadas para detecção de radioatividade. Para uma melhor identificação, foi usada uma mistura de ácido e tintas azuis. Telhados foram limpos a vácuo, mas duas casas tiveram seus telhados removidos. Objetos como brinquedos, fotografias e utensílios domésticos foram considerados material de rejeito. O que foi recolhido com a limpeza foi transferido para o Parque Estadual Telma Ortegal.
Até à atualidade, todos os contaminados ainda desenvolvem enfermidades relativas à contaminação radioativa, fato este muitas vezes não noticiado pela mídia brasileira. [carece de fontes?]
Após vinte e tres anos do desastre radioativo, as várias pessoas contaminadas pela radioatividade reclamam por não estarem recebendo os medicamentos, que, segundo leis instituídas, deveriam ser distribuídos pelo governo. E muitas pessoas contaminadas ainda vivem nas redondezas da região do acidente, entre as Ruas 57, Avenida Paranaíba, Rua 74, Rua 80, Rua 70 e Avenida Goiás; essas pessoas não oferecem, contudo, mais nenhum risco de contaminação à população.
Em uma casa, em que o césio foi distribuído, a residente, esposa do comerciante vizinho à Devair, jogou o elemento radioativo no vaso sanitário e, em seguida, deu descarga. O imóvel ficou conhecido como "casa da fossa". Entretanto, a SANEAGO alegou que a casa não possuía fossa, sendo construída com cisterna, para a população não pensar que a água da cidade estaria hipoteticamente contaminada.
Lixo atômico
A limpeza produziu 13,4 toneladas de lixo atômico, que necessitou ser acondicionado em 14 contêineres que foram totalmente lacrados. Dentro destes estão 1.200 caixas e 2.900 tambores, que permanecerão perigosos para o meio ambiente por 180 anos. Para armazenar esse lixo atômico e atendendo às recomendações do IBAMA, da CNEN e da CEMAm, o Parque Estadual Telma Ortegal foi criado em Goiânia, hoje pertencente ao município de Abadia de Goiás, onde se encontra uma "montanha" artificial. Assim, os rejeitos foram enterrados em uma vala de aproximadamente 30 (trinta) metros de profundidade, revestida de uma parede de aproximadamente 1 (um) metro de espessura de concreto e chumbo, e sobre a vala foi construída a montanha.
Consequências
Após o acidente, os imóveis em volta do acidente radiológico tiveram os seus valores reduzidas a preços insignificantes, pois quem morava na região queria sair daquele lugar, mas o medo da população da existência de radiação no ar impedia a compra e construção de novas habitações.
Além das desvalorizações dos imóveis, por muito tempo a população local passou por uma certa discriminação devido ao medo de passar a radiação para outras pessoas, dificultando o acesso aos serviços, educação e viagens.
Muitas lojas e o comércio que existiam antes do acidente acabaram fechando ou mudando de endereço, sobrando alguns poucos comerciantes que ainda resistiam em continuar na região. A contaminação em Goiânia originou-se de uma cápsula que continha cloreto de césio - um sal obtido do radioisótopo 137 do elemento químico césio. A cápsula radioativa era parte de um equipamento radioterapêutico, e, dentro deste, encontrava-se revestida por uma caixa protetora de aço e chumbo. Essa caixa de proteção continha também uma janela feita de irídio, que permitia a passagem da radiação para o exterior.
Revitalização da região
Mercado Popular da Rua 57 após a reforma.
Somente no final dos anos 90, a região começou a passar uma imagem menos "assustadora" para os novos inquilinos, através de ações do governo municipal e estadual para a revitalização da região, revalorizando as casas que estavam nas mediações do acidente.
Em questão de poucos anos, o valor das casas da região central já era entre duas a três vezes maior do que na época do acidente. No início de 2006, a prefeitura municipal de Goiânia resolveu revitalizar o antigo Mercado Popular, sendo reinaugurado em novembro de 2006 com a edição 2007 da Casa Cor Goiás, com a presença de autoridades municipais e estaduais. Em fevereiro de 2007, o Mercado Popular passou a ser um ponto turístico da cidade, por possuir uma feira gastronômica todas as sextas-feiras à noite, sempre acompanhada de música ao vivo.
Aos poucos, a região atingida pelo acidente vem sendo valorizada, aumentando o interesse de grandes empreiteiras construírem prédios de luxo, onde antes eram apenas casebres abandonados.
Repercussão do acidente
O acidente foi descrito em vários documentários internacionais, além de filmes, programas de televisão, canções e livros.
Cinema
Livros
  • O livro Blindfold Game de Dana Stabenow faz uma menção ao incidente.
  • O conto "Witch Baby" de Francesca Lia Block menciona o acidente; muitos dos personagens foram criados a partir de um artigo que a autora leu sobre o incidente.
  • O livro "Goiânia rua 57 o nuclear na terra do sol" de Fernando Gabeira faz uma analise do ocorrido.
  • O livro "A Menina que Comeu Césio", do jornalista Fernando Pinto, descreve os acontecimentos a partir de depoimentos e relatos colhidos in loco pelo autor.
Música
  • Em 1988, o cantor e compositor italiano Angelo Branduardi lançou a canção "Miracolo a Goiania" no álbum Pane e Rose. Esta canção conta o diálogo que teria ocorrido entre as pessoas envolvidas no acidente.
  • Em 1992, o cantor e compositor panamense Rubén Blades lançou a canção "El Cilindro" no álbum Amor y Control. Esta canção conta uma história que teria ocorrido com um dos protagonistas do acidente.
Televisão
  • O episódio "Thine Own Self" de Star Trek, que foi ao ar em 14 de fevereiro de 1994, apresenta algumas similaridades ao acidente.
  • O episódio do dia 9 de agosto de 2007 do programa Linha Direta da Rede Globo teve como tema o acidente, que completava vinte anos.
  • O episódio "Daddy's Boy" do seriado americano House, M.D. apresenta uma trama similar à do incidente.
  • Um episódio do desenho animado The New Adventures of Captain Planet foi escrito fazendo um paralelo com o incidente. Nele, um grupo de crianças encontram um fonte radioativa em um equipamento médico abandonado e, consequentemente, contaminam-se, embora os heróis intervenham antes que as mortes ocorram.
Césio 137, elemento que vaza no Japão, ainda faz vítimas em Goiânia
Publicação: 16/03/2011 10:11 Atualização: 16/03/2011 11:37
Retirada de casas e entulhos do local do acidente  1988 (Paulo H. Carvalho/Reprodução)
Retirada de casas e entulhos do local do acidente 1988
Autoridades japonesas admitem o vazamento de material radioativo na atmosfera em forma de vapor, devido às explosões na usina nuclear de Fukushima, provocadas pelo terremoto e a tsunami da última sexta-feira. Os níveis de radiação forçaram o Japão a ordenar que 140 mil pessoas se tranquem em casa e evitem contato com ar contaminado. Entre os elementos mais comuns no vazamento de vapor de água do reator japonês estão o iodine 131, o xenon 133, o xenon 135 e o krypton 85 e o césio 137. Este último, o mesmo do acidente ocorrido em Goiânia há 24 anos e que até hoje faz vítimas.

Para se ter uma noção do que pode ocorrer com a explosão da usina nuclear japonesa, o acidente em Goiás, que envolveu a abertura de um desativado aparelho de raios X e uma porção de 19 gramas de césio 137 em pó, matou ao menos 66 pessoas e afetou mais de mil. A lista de contaminados e mortos não para de subir e, provavelmente, nunca será concluída. No mais recente levantamento feito por autoridades estaduais, 929 cidadãos são apontados, oficialmente, como vítimas da tragédia de 13 de setembro de 1987. Sete vezes mais que o divulgado em 1988, quando foram listadas 102 pessoas.

Entre as vítimas há gente que teve contato direto com a substância química, vizinhos do local onde o aparelho de raios X foi aberto, servidores públicos — médicos, enfermeiros, bombeiros e policiais militares — e trabalhadores de baixa renda colocados em perigo no trabalho de contenção da radiação, além de crianças nascidas após o acidente, filhos de pais contaminados pelo pó branco de brilho azul. O produto vazou de um equipamento abandonado em um hospital desativado, no centro de Goiânia, e violado por dois catadores de sucata.

Levantamento feito pelo Correio, a partir de dados do Ministério Público de Goiás e dos sindicatos das categorias envolvidas na tragédia, revela que ao menos 40 servidores morreram sem conseguir assistência médica ou financeira do poder público. Outros 170 tentam um auxílio, ainda em vida, brigando na Justiça. Oficialmente, só foram reconhecidas até agora 14 mortes em decorrência da exposição ao césio 137. O número é contestado por associações de vítimas do acidente e por promotores públicos, que apontam 85 casos.

Na época do acidente, técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) examinaram 112 mil pessoas. Aquelas com índices mais elevados de contaminação foram colocadas em quarentena. Das 120 pessoas que sentiram os efeitos da radiação, 49 foram internadas e 21, submetidas a tratamento intensivo. Quatro morreram em menos de quatro meses. Entre elas, a menina Leide Ferreira das Neves, 6 anos, que virou símbolo da tragédia.

Câncer

O médico José Ferreira Silva, diretor técnico da Superintendência Leide das Neves (Suleide), criada para atender as vítimas reconhecidas pelo Estado afirma que o césio 137 tem efeitos devastadores porque a energia liberada por ele se espalha por todo o organismo. "Dependendo do índice de radiação, a pessoa morre em horas ou dias. No contato mais brando, os efeitos também são muito nocivos, pois, com o passar do tempo, os cromossomos são destruídos e a pele da pessoa perde a proteção contra todo tipo de câncer", explica.

Ferreira conta ainda que, no caso de Goiânia, há muitas pessoas atrás de assistência por causa de doenças psicossomáticas, provocadas pelas emoções geradas pelo acidente. "O distúrbio mais comum é a úlcera gástrica", conta. O médico, que começou a trabalhar com as vítimas do césio em fevereiro de 1988, defende o acompanhamento dos moradores das áreas contaminadas que sofrem com as doenças psíquicas. "Infelizmente, elas não se encaixam nos critérios da Suleide", lamenta. Ferreira é o único dos 13 profissionais de saúde da superintendência que estudou física nuclear. Passou um ano em Hiroshima e Nagasaki, no Japão, estudando as vítima das bombas nucleares jogadas pelos norte-americanos no fim da Segunda Guerra Mundial.
Odesson Ferreira, presidente da Associação das Vitimas do Césio 137 (Carlos Vieira/CB/D.A Press)
Odesson Ferreira, presidente da Associação das Vitimas do Césio 137
Atualmente, o governo goiano reconhece 863 vítimas do césio vivos, mas apenas 164 têm acompanhamento permanente na Suleide. Do total, 468 recebem pensão do Estado. O presidente da Associação de Vítimas do Césio 137, Odesson Alves Ferreira, reclama de descaso. Lamenta a irregularidade e o sofrimento dos envolvidos. "além do preconceito, enfrentamos as deficiências do Estado. Faltam medicamentos na Suleide. Remédios essenciais para uma vida no mínimo tolerável. A maioria das vítimas não tem condições de comprá-las e acaba numa situação ainda mais terrível", denuncia. Ele é irmão de Devair Alves Ferreira, dono de ferro-velho e comprador da cápsula do césio 137. Odesson parte dos dedos das mãos após uma visita ao terreno onde o irmão morava. Também depende de medicamentos para se manter vivo.

Técnicos da Cnen fazem medições das seis áreas mais contaminadas, a cada três meses. Há césio nos focos. Especialistas dizem que vai demorar 300 anos para eles serem descontaminados. Mas a radiação medida estabilizou há sete anos e a quantidade é inofensiva.

Os filhos do césio 137

Há 24 anos, o mundo testemunhava o segundo maior acidente radioativo da história — o primeiro ocorreu em Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. O desastre foi em Goiânia. Não ocorreu por causa do vazamento de uma usina nuclear. Mas pela proximidade de gente simples com um elemento químico altamente radioativo: o césio 137. O saldo dessa negligência é aterrorizante, mesmo passado tanto tempo desde aquele fatídico 13 de setembro de 1987: pelo menos 66 pessoas morreram e 863 apresentam seqüelas. Todos tiveram contato direto com o material radioativo ou trabalharam na descontaminação. Nenhum recebeu roupas especiais para concluir o serviço em segurança. Assim, sofreram os efeitos diretos da radiação e carregaram resíduos do césio 137 nas roupas, contaminando familiares, amigos e vizinhos. Ainda hoje, esse é o maior desastre radioativo em uma área urbana do planeta.
 

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