terça-feira, 29 de março de 2011

Aminjin-Kim, Arte Marcial cabocla

Pintura: Tavares

"Nem Jiu-Jitsu, nem Capoeira, a nova arte marcial brasileira genuinamente cearense acaba de surgir em plena Região Metropolitana de Fortaleza. No município do Eusébio o professor de Kung Fu, Daniel Estevão e seus alunos fizeram uma vasta pesquisa da cultura indígena e descobriram a arte milenar de defesa e combate dos primeiros habitantes do Brasil, daí surgiu a AMINJIN-KIM, que significa estado de amar, ou modo certo de viver, na língua Macro-Jê, povo que viveu no sul do Ceará.

O trabalho será apresentado pelo município do Eusébio, como contribuição da Coordenadoria de Cultura do Município para a conquista do Selo Unicef, neste mês de agosto. De acordo com o prefeito Acilon Gonçalves (PSB) cada secretaria tem que apresentar um trabalho para a comissão que analisa se o município é merecedor de receber o selo.

O Unicef indicou que os projetos na área de cultura devam ter como base a cultura indígena ou quilombola. No Eusébio deverá ser feito o lançamento da nova arte marcial em um evento realizado pelo Núcleo de Artes, Educação e Cultura (Naec) do município, neste mês de agosto. De acordo com Daniel Estevão, após uma verdadeira peregrinação pelo Brasil realizando a pesquisa, encontrou algumas lutas milenares praticadas pelos indígenas como o Huka-Huka ou Iuteki, dos índios Xavantes, onde os oponentes lutam ajoelhados (parecido com o sumô).

O Txondaro, dos índios Guaranis, que dá ênfase ao equilíbrio, ao desvio, não se contrapor ao adversário, princípios bem parecidos com as utilizadas pelas artes marciais do oriente. Segundo Daniel, os praticantes do Txondaro conseguem pegar flechas em pleno vôo. Outra luta pesquisada por ele foi o Idajazó, praticada em pé, que utiliza o agarramento, pancada de braços, punho espalmado, ombro e palma aberta nos golpes, bem parecido com o boxe. “Com base nessas lutas, idealizados uma nova prática universalizando a cultura indígena”, disse. Ele catalogou também as dez armas principais utilizadas pelos índios, tais como a aboladeira, a zarabatana, chiuso, lanças, zagaias, o arpão, o tacape e o cavalo, que é utilizado como arma pelos índios Guaiacuru, “nosso catálogo é grande.

Estamos recriando um Brasil que a maioria dos brasileiros não conhece, criando uma arte baseada na cultura dos primeiros habitantes dessas terras. Catalogamos 1.500 golpes e movimentos e os batizamos com nomes em tupi guarani e macro-jê”, revelou. Com relação à nova arte marcial, Daniel observa que trabalha quatro princípios. O primeiro é o ANTA-PÉ, que significa agilidade e esperteza, que trabalha o corpo, o adaptando para aprender as técnicas.

O segundo é o TUPAMA, que significa golpe, onde os iniciados aprendem os golpes traumáticos. O terceiro é o VA-VA, que quer dizer balançar, cambalear, onde o aprendiz conhece as técnicas de queda, projeções (parecidos com os utilizados em Jiu-Jitsu) e o quarto o BAMBAÉ, ou aquilo que é torcido, onde são repassadas as técnicas de torção e quebradura.

Ele afirma que a nova luta tem uma base espiritual, que é muito forte na cultura indígena e a base de complemento, que explica os acessórios. O “Kimono” também tem como base vestimentas utilizadas pelos indígenas Caxinauá (Huni-Kuin, Kaxinawá), que trabalham com algodão e a faixa dos índios Guaranis. “Dessa forma temos a união de várias tribos, cada uma dando sua contribuição nesse trabalho”, afirmou."
Ritual do Huka-Huka no Xingu

Fontes: Antonio Viana e REUTERS/Sergio Moraes
http://karipuna.blogspot.com/2008/09/aminjin-kim-arte-marcial-cabocla.html

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