quinta-feira, 24 de março de 2011

OSWALDO CRUZ


Oswaldo Gonçalves Cruz (São Luiz do Paraitinga, 5 de agosto de 1872 — Petrópolis, 11 de fevereiro de 1917) foi um cientista, médico, bacteriologista, epidemiologista e sanitarista brasileiro. Foi o pioneiro no estudo das moléstias tropicais e da medicina experimental no Brasil. Fundou em 1900 o Instituto Soroterápico Nacional no bairro de Manguinhos, no Rio de Janeiro, transformado em Instituto Oswaldo Cruz e, hoje, respeitado internacionalmente. Paulista, ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1887, formando-se em 1892. Em 1896, estagiou no Instituto Pasteur, em Paris, onde foi discípulo de Émile Roux, seu diretor à época. Voltou ao Brasil em 1899 e organizou o combate ao surto de peste bubônica registrado em Santos (SP) e em outras cidades portuárias brasileiras. Demonstrou que a epidemia era incontrolável sem o emprego do soro adequado. Como a importação era demorada à época, propôs ao governo a instalação de um instituto para fabricá-lo.
Foi então criado o Instituto Soroterápico Nacional (1900), cuja direção assumiu em 1902.
Diretor-geral da Saúde Pública (1903), coordenou as campanhas de erradicação da febre amarela e da varíola, no Rio de Janeiro. Organizou os batalhões de "mata-mosquitos", encarregados de eliminar os focos dos insetos transmissores. Convenceu o presidente Rodrigues Alves a decretar a vacinação obrigatória, o que provocou a rebelião de populares e da Escola Militar (1904) contra o que consideram uma invasão de suas casas e uma vacinação forçada o que ficou conhecido como Revolta da Vacina.
Premiado no Congresso Internacional de Higiene e Demografia, realizado em Berlim (1907), deixou a Saúde Pública (1909).

Dirigiu a campanha de erradicação da febre amarela em Belém do Pará e estudou as condições sanitárias do vale do rio Amazonas e da região onde seria construída a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Em 1916, ajudou a fundar a Academia Brasileira de Ciências e, no mesmo ano, assumiu a prefeitura de Petrópolis. Doente, faleceu um ano depois, não tendo completado o seu mandato.

Osvaldo Cruz (O. Gonçalves C.), médico, higienista e cientista, nasceu em São Luís de Paraitinga, SP, em 5 de agosto de 1872, e faleceu aos 44 anos em Petrópolis, RJ, em 11 de fevereiro de 1917. Foi eleito para a Cadeira n. 5, sucedendo a Raimundo Correia, em 11 de maio de 1912, sendo recebido em 26 de junho de 1913, pelo acadêmico Afrânio Peixoto.

Era o único filho homem de um médico, dr. Bento Gonçalves Cruz, casado com a prima-irmã, d. Amélia Taborda Bulhões Cruz. Transferiu-se ainda criança, com o pai, para o Rio de Janeiro, onde fez todos os seus estudos, recebendo o grau de Doutor pela Faculdade de Medicina, em 1892, com 20 anos. Sua tese, A veiculação microbiana pela água, foi aprovada com distinção. Em 1893, casou-se com d. Emília Fonseca, de tradicional família fluminense, com quem teve seis filhos.

Iniciou-se na carreira médica como preparador de laboratório de higiene e, mais tarde, auxiliar no Laboratório Nacional de Higiene. Esteve em Paris, em 1896, e trabalhou três anos no Instituto Pasteur, ao lado de Roux, Nihert, Metchnikoff e outros. Passou a colaborar em jornais e revistas médicas nacionais e estrangeiras. De volta ao Rio de Janeiro em 1899, Osvaldo Cruz dirigia o laboratório da Policlínica quando foi chamado para estudar a peste que assolava o porto de Santos. Com Vital Brasil e Adolfo Lutz, ele confirmou clínica e bacteriologicamente que se tratava da peste bubônica. Diante da grave situação, as autoridades criaram o Instituto Butantã, em São Paulo, dirigido por Vital Brasil, e o Instituto Soroterápico Municipal, no Rio de Janeiro, que se instalou numa fazenda em Manguinhos e que depois se transformou no Instituto Osvaldo Cruz. Era diretor do Instituto Soroterápico o Barão de Pedro Afonso, substituído em 1902 por Osvaldo Cruz. Entre seus auxiliares estavam Adolfo Lutz, Artur Neiva, Emílio Ribas e Carlos Chagas.

osvaldocruz2Em março de 1903, assumiu a direção do serviço da Saúde Pública do Rio de Janeiro, a convite do Presidente Rodrigues Alves. Teve que enfrentar terríveis resistências e obstáculos de toda sorte para que a missão fosse coroada de êxito, ao fim de três anos. Conseguiu que o governo tornasse obrigatória a vacina contra a varíola. Seu nome tornou-se conhecido no mundo inteiro. Em 1907, representou o Brasil no 14o Congresso de Higiene, em Berlim, onde teve imenso sucesso, merecendo a medalha de ouro oferecida pela imperatriz da Alemanha. Foi eleito, no mesmo ano, para a Academia Nacional de Medicina. Em 1908, reformou o Instituto Manguinhos, aparelhando-o com o que havia de mais moderno. A MadeiraMamoré Railway pediu a Osvaldo Cruz que fizesse estudos sanitários no Estado do Amazonas, e ele conseguiu, tanto ali como em Belém do Pará, melhorar as condições de higiene locais. Em 1912, procedeu ao saneamento do vale amazônico, ao lado do seu discípulo Carlos Chagas, já então cientista de renome.

Com o falecimento de Raimundo Correia, foi apresentada na Academia Brasileira de Letras a candidatura de Osvaldo Cruz. Na sua eleição, obteve 18 votos, contra 10 dados a Emílio Menezes. Na mesma sessão em que foi eleito, e na seguinte, travaram-se debates sobre se deviam ser levados para a Academia homens que não tivessem méritos exclusivamente literários. Afirmou então Salvador de Mendonça que achava ociosa a distinção entre intelectuais de letras e intelectuais de ciência para a investidura acadêmica. Como principal defensor da tese dos "expoentes", Salvador de Mendonça propôs que se reservassem, na Academia, três ou quatro lugares para as sumidades de qualquer espécie, tese esta também abraçada pelo então presidente José Veríssimo.

No discurso da saudação a Osvaldo Cruz, Afrânio Peixoto destacou a relevância da sua obra científica e do seu exemplo, que "valeu por uma congregação, porque é o preceptor de muitas gerações". Osvaldo Cruz era um esteta, cultivava a arte nos momentos aprazíveis da sua intelectualidade e se cercava de coisas belas que lhe proporcionavam prazer intelectual, justificando-se o que dele disse Afrânio Peixoto: "Vós sois como os grandes poetas que não fazem versos; nem sempre estes têm poesia, e ela sobeja na vossa vida e na vossa obra."

Principais obras: A veiculação microbiana pela água, tese apresentada à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (1893); A vacinação antipestosa (1901); Dos acidentes em soroterapia (1902); Relatório apresentado ao ministro dr. J. J. Seabra (1905); Relatório apresentado ao ministro dr. A. Tavares de Lira (1907); Uma nova espécie de gênero psorophora (1907); Profilaxia da febre amarela (1909); Saneamento da bacia do Rio Madeira (1913); Opera omnia (1972), reimpressão facsimilar dos textos científicos e relatórios produzidos por Osvaldo Cruz, reunidos pelos funcionários da Biblioteca do Instituto de Medicina Experimental, fundado por Osvaldo Cruz.

O senhor fez o mesmo que Hércules. Matou a hidra. É um benfeitor da humanidade." Com essas palavras o escritor francês Anatole France, durante visita ao Rio de Janeiro em 1906, saudou Osvaldo Cruz, aludindo ao fato de ter o sanitarista brasileiro conseguido erradicar as febres amarela e bubônica e a varíola na então capital federal.

Fundador da medicina experimental no Brasil, Osvaldo Gonçalves Cruz nasceu em São Luís do Paraitinga SP em 5 de agosto de 1872. Com apenas 14 anos de idade ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde doutorou-se em 1892, defendendo a tese Da veiculação microbiana pelas águas. Clinicou no Rio de Janeiro até os primeiros meses de 1896, quando viajou para a França, a fim de aperfeiçoar seus conhecimentos, sobretudo de bacteriologia. Em Paris, trabalhou no Serviço de Vias Urinárias do professor Félix Guyon, no Laboratório de Toxicologia e no Instituto Pasteur, dirigido por Émile Roux.

Depois de um estágio na Alemanha, regressou ao Brasil em 1899. Em outubro do mesmo ano esteve em Santos SP, para estudar a epidemia de peste bubônica que surgiu naquela cidade e sobre a qual escreveu um relatório detalhado. Em 1900 foi um dos criadores do Instituto Soroterápico de Manguinhos, destinado sobretudo à pesquisa e desenvolvimento de vacinas e cuja direção assumiu em 1902. A instituição firmou-se como centro técnico e experimental de grande renome -- seu diretor conseguiu reunir em torno de si uma excelente equipe de jovens pesquisadores -- e em 1908 passou a se chamar Instituto Osvaldo Cruz, nome que conserva até hoje.
Em 1903 Osvaldo Cruz assumiu o cargo de diretor-geral de Saúde Pública, com a difícil tarefa de erradicar a epidemia de febre amarela no Rio de Janeiro, que irrompera no ano anterior. Iniciou rigoroso programa de combate à moléstia, com o isolamento dos doentes, vacinação obrigatória e campanhas para eliminar os focos de mosquito. A campanha sofreu cerrada oposição de parte dos positivistas, de políticos e de vários jornais cariocas, Correio da Manhã à frente. Todos os dias os jornais publicavam editoriais que atacavam Osvaldo Cruz e ridicularizavam em caricaturas a figura do sanitarista com sua brigada de "mata-mosquitos".

Em 14 de novembro de 1904, finalmente eclodiu uma rebelião da Escola Militar com repercussão popular. O movimento, denominado "quebra-lampião", quase depôs o governo de Rodrigues Alves. A revolta foi subjugada pelo comandante da guarnição federal, general Hermes da Fonseca, futuro presidente da república. Osvaldo Cruz não cedeu em nenhum momento e, graças às medidas que tomou, registraram-se apenas 39 casos de febre amarela no Rio de Janeiro em 1906; quatro casos em 1907; e nenhum caso em 1908. As medidas profiláticas acabaram também com as epidemias de peste bubônica e varíola.

Osvaldo Cruz procedeu ainda a uma profunda reforma no código sanitário e ao mesmo tempo remodelou todos os órgãos de saúde, com grandes benefícios para a higiene e a economia do país: na época das epidemias os navios evitavam aportar no Rio de Janeiro. Em 1907, no XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia, realizado em Berlim, expôs vasto material mostrando as atividades do Instituto de Manguinhos e da Saúde Pública, tendo o júri da exposição conferido a medalha de ouro ao Brasil, entre 123 expositores.

Em 19 de agosto de 1909, Osvaldo Cruz deixou a direção da Saúde Pública, por motivo de doença: já se manifestavam os sintomas de hiperazotemia (excesso de uréia no sangue), enfermidade que o mataria menos de dez anos depois. Mas não se resignou ao ócio: no ano seguinte aceitou convite da empresa que construía a estrada de ferro Madeira-Mamoré na região amazônica e fez um estudo do saneamento da região, onde passou um mês. Graças à adoção de seu esquema, a construção da ferrovia pôde prosseguir até a inauguração, em 1o de agosto de 1912. O resultado dessa viagem está contido no trabalho Madeira-Mamoré Railway Company: considerações gerais sobre as condições sanitárias do rio Madeira.

Mais tarde elaborou um plano de saneamento do vale do Amazonas, dando execução a um compromisso que assumira com o Ministério da Agricultura. Saneou a cidade de Belém, de acordo com contrato firmado com o governo do Pará. Posteriormente representou o Brasil em congressos sanitários realizados em Dresden, Alemanha, na Cidade do México e em Montevidéu.

A eleição de Osvaldo Cruz para a Academia Brasileira de Letras, em 1912, enfrentando a candidatura do poeta Emílio de Meneses, provocou grande polêmica naquela casa. Alguns achavam que, devido a sua denominação, a academia somente devia abrigar literatos. Venceu a tese de que vultos consagrados, de qualquer arte ou ciência, podiam ter um lugar na instituição. Em 1913 Osvaldo Cruz passou a ocupar a cadeira deixada vaga pelo poeta Raimundo Correia. De sua bibliografia constam cerca de cinqüenta títulos, entre memórias, teses, pesquisas médicas e relatórios científicos, além do discurso de posse na academia, em que fez o elogio de Raimundo Correia. Seus trabalhos são escritos em estilo simples, límpido e direto, a que não falta um certo encanto artístico.

Em 1916, já muito doente, Osvaldo Cruz foi nomeado prefeito de Petrópolis RJ. Assumiu o cargo em 18 de agosto, mas renunciou em janeiro do ano seguinte e morreu naquela cidade em 11 de fevereiro de 1917.

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