Richard Bowen - Vice-President. The Budokwai 1999
No Sábado, 26 de Janeiro de 1918, o Budokwai abriu suas portas pela primeira vez. Dois dias depois, na segunda feira pela manhã, os que treinavam no tatame ouviram som de tiros e bombas. Londres, ainda era alvo de bombardeios ocasionais. Ainda correriam muitos meses e milhares de mortes antes do armistício de novembro de 1918 que trouxe a trégua no front.
Mas como a Budokwai nasceu?
Gunji Koizumi- Infância e juventude.
Poderia ser um caso de geração espontânea organizacional. A história começa muita milhas longe dali na vila de Komatsuka na província de Ibraaki., Japão, ano de 1885. Ali Koizumi Gunji nasceu, mais novo filho de um empregado de fazenda, Koizumi Shukichi (1853- 1903) e sua mulher Katsu (1855-1920). Como filho mais novo só havia dois caminhos para ele: Adquirir sua própria fazenda ou ser adotado por uma família sem herdeiro masculino (costume japonês). Nenhuma destas opções o agradava, então com a idade de quinze anos ele deixou sua casa para tentar a sorte em Tóquio. Ele já tinha embarcado na sua longa fascinação pelas artes marciais, tendo iniciado Kendô na escola aos doze. Uma vez em Tóquio ele se alistou como telegrafista júnior para o governo. Foi nesse período que começou na prática do Tenshin Shinyo Ryu, a escola líder do Jujutsu. Uma vez qualificado como telegrafista ele trabalhou por pouco tempo em Tóquio antes de se alistar para trabalhar nas ferrovias na Coréia. Agora nova ambição surgiu: Ele queria estudar eletricidade e na sua opinião, o melhor lugar para fazer isso era a América. Com pouco dinheiro, ele decidiu fazer isso com uma série de “hops”, que ele fez via Shangai, Hong-Kong, Singapura. Índia, chegando ao país de Gales em 1906. Não espaço aqui para listar as diversas experiências que ele teve no caminho.]
Koizumi chega à Bretanha.
Ele chega à Londres em feriado bancário em 1906 e arranjou emprego de professor de jujutsu numa escola in Golden Square, Soho, que foi construída alguns anos antes por Uyenishi (Raku). Foi a última vez que ele ensinou jujutsu profissionalmente, para o resto de sua vida ele foi apenas amador. Nove meses após, em 1907, ele economizou bastante para viajar para a América. Uma vez lá e após diversos empregos menores ele se empregou como eletricista auxiliar na Newark Public Service Railway Company aprendendo engenharia elétrica prática e assistindo aulas noturnas e fazendo curso por correspondência. Se sentindo confiante de sua habilidade, ele retorna à Londres em 1910 e tenta se tornar eletricista em Vauxhall Bridge Road. Mas para se tornar eletricista ele necessitada de algo que não possuía- Capital! Isso, o levou a mudar os planos. Procurando uma ocupação mais e mais aprendizados artísticos ele lê e estuda.
Por volta de 1917, casado e com uma carreira promissora, entendeu que devia contribuir para o engrandecimento de seu país de adoção (quando perguntado porque nunca se tornou britânico ele dava uma gargalhada suave e apontando para seu rosto enfatizada: “ isto é errado!” E a contribuição tomou forma quando iniciou o instituto para estudo das artes marciais e suas correlatas atividades culturais. Ele encontrou e alugou duas lojas no baixo Grosvenor Place, Victoria. Como vimos, as portas abriram à 26 de janeiro de 1918. Havia um dojo (sala de treino) de cerca de vinte por vinte pés. O bebê Budokwai era solidamente democrático com comitê eleito, reuniões gerais anuais, uma constituição, apesar de que isso, levou algum tempo para estabelecer.
Koizumi era um homem de vontade férrea de alta probidade. Ele era também estritamente democrata, insistindo em seus processos democráticos, lembrando que por inúmeras vezes, haveriam de “ascender ditadores”. Ele previu o futuro com acuidade! Apesar de ser responsável pelo aluguel de 130 libras por ano, ele pagava suas contas junto com outros membros sempre com dia ou dois de diferença. No fim do primeiro ano de funcionamento o número de membros, aumentou para cinqüenta e quatro, a maioria japonesa. O Primeiro inglês a ingressar na instituição foi O.D. Smith como membro número trinta e sete: Yukio Tani era o membro de número quatorze e W.E Steers numero cinqüenta e dois. Steers introduziu Ernest John Harrison em Maio de 1919, eles tinham sido amigos no Japão. A primeira mulher-membro número sessenta foi Miss Katherine Cooper- White, que ingressou em abril de 1919. Seguindo ela, outras mulheres ingressaram e em poucos anos havia a regular seção feminina.
Tani Yukio
O primeiro educador professional da Sociedade foi Tani Yukio (em japonês o sobrenome vem primeiro). Tani (1881-1950) chegou no fim de 1900 acompanhado de seu irmão trazido por E. W. Barton Wright. Wright, que era obcecado por todas as formas de luta, passou três meses no Japão onde aprendeu Jujutsu. Não se sabe ao certo em qual escola, mas provavelmente foi a Tenshin Shinyo Ryu, a mais popular das antigas escolas naquele tempo. Certamente não foi o Kano Ryu de Jujutsu, como o Kodokan Judô fora primeiro chamado segundo as primeiras fontes. Quando retornou à Londres em 1898, Wright abriu uma escola em Shaftesbury avenue onde se ensinava boxe, fencing, wrestling, La Savate e, com a chegada dos irmãos Tani, jujutsu passou a ser ensinado.. Mesmo antes da chegada dos irmãos Tani, Wright já fazia demonstrações do que ele chamava Bartitsu, que não era mais que jujutsu com alguns detalhes pessoais adicionados.
Logo os irmãos Tani eram seguidos por Yamamoto. Além de ensinarem em sua escola, era óbvio que Wright queria que os japoneses fizessem demonstrações em auditórios musicais. O irmão mais velho de Tani e Yamamoto discordaram disso e retornaram ao Japão. Logo depois, Wright trouxe Uyenishi Sadakazu que, junto com Yukio, não fazia objeção às exibições. Eles causaram sensação desafiando qualquer pessoa de qualquer peso e com a habilidade de vencê-las. Dentro de alguns anos, Tani e Uyenishi se separaram de Wright que agora desaparece da história. Mas honra seja feita à Edward William Barton Wright (1860-1951) pelo que foi a introdução do jujutsu na Inglaterra e mesmo na Europa. Ele morreu não deixando herança nem parentes, conseqüentemente sendo enterrado numa cova sem registro no cemitério Kingston. Talvez, um dia, alguma gentil organização de judô erguerá algum memorial apropriado.
A seguir da separação de Barthon Wright, Tani seguiu sob a direção de William Bankier. Bankier, cujo nome artístico era Apollo, atuava como homem forte. Ele era, o que nem Tani nem Barthon Wright eram, um showman experiente. Durante quatro ou cinco anos, ele e Tani estiveram juntos demonstrando em muitos lugares pela Bretanha, Apollo, fazendo performances de força e ajudando Tani no Jujutsu. Apolo lidava com o lado empresarial, arranjando compromissos em teatros e music halls. Eventualmente a parceria termina. Alguns anos mais tarde, Bakier se juntou à budokwai unindo-se a Tani mais uma vez.
Uyeshini, que se apresentava usando o nome artístico de Raku, abriu uma escola no quarteirão dourado, como mencionado antes. Uyenishi, com ajuda de seu pupilo Nelson, escreveu o Textbook of Jujutsu como praticado no Japão que foi publicado em 1906. Por volta de 1908, quando Raku deixou a Bretanha, a escola passou a ser dirigida por William Garrud, outro de seus pupilos. Tani, junto com Miyake (haviam outros japoneses experts ao redor deles como Ono e Maeda- Mais tarde criador do estilo Gracie Jujutsu), também abriram uma escola, essa em Oxford Street, que durou cerca de dois anos.
Já em 1906, Tani e Myiake também publicaram um livro, chamado “The game of Jujutsu (foto), for the use of Schools and Colleges”. Deve ser ditto que a Sra. Emily Watt, aluna de Raku, também escreveu um livro “The Fine art of Jujutsu” em 1906. Outro trabalho de Bankier publicado pela Apollo Magazine de Saúde e força e contendo muitas fotografias de Tani e Uyeshini. Deve ser dito que conquanto todos os trabalhos mencionados fossem excelentes, os feitos por japoneses eram superiores aos que fizeram Bankier e Watt. Também deve ser dito que todos os livros de Jujutsu publicados em inglês naqueles anos devem ser considerados como curiosidade e não para estudos sérios.
Edith Garrud e os eleitos-
A mulher de William Garrud, Edith, expert em Jujutsu em sua própria notoridade se tornou conhecida treinadora dos “lutadores eleitos”, uma guarda de segurança pessoal da Srª Pankhust. Edith, depois de separar-se de seu marido abriu um dojo próximo ao Oxford Circus que era usado como base para os eleitos para fugir após quebrar algumas janelas e voltar inocentemente aos treinos de jujutsu quando a polícia chegava. Ela era uma mulher magra com um espírito indomável. Em fotografias de cerca de 1910-12, mostram-na lidando com policiais, ela está usando um chapéu enorme, verdadeira tenda no estilo daqueles dias.
Interesse por casas de música
Por volta de 1910 quando voltou da América, Koizumi notou que o interesse que atraía platéias às music halls deixara de estar relacionado à jujutsu, Wrestling, e shows de força, e, com a exceção de Tani, que passaria o resto de sua vida na Inglaterra, todos os outros deixaram este país. Tani, cujo pai e avô também eram professores de jujutsu tinha o dom de captar a imaginação do público- era pequeno e leve- nunca recusou desafio. Toda Grã-Bretanha sabia de Tani. Era famoso. Nesses shows, quedas não contavam se o desafiado pudesse se levantar depois de levado ao solo. O fim só chegava após o desafiante ser submetido com um estrangulamento, uma chave de braço, uma imobilização, ou se ele não pudesse levantar após ser seguidamente derrubado. Tani também se engajou no Catch- Catch- as- can (ou Free Style) wrestling e aqui também desenvolveu considerável reputação, particularmente no norte da Inglaterra.
E.J. Harrison
Harrison (1873-1961), um jornalista de Manchester, apesar de baseado no Japão por cerca de vinte anos, muito viajou pela Corea, China, estados bálticos e Rússia Européia e Sibéria. Era um lingüista de considerável habilidade, com razoável conhecimento de francês, italiano, espanhol e fluente em japonês, russo, polonês e lituano. Ele teve uma vida aventureira cobrindo a guerra russo-japonesa, a abertura da primeira Duma e participando dos planos de nobres russos para assassinar Rasputin. Ele, como Barton Wright era aficionado por artes marciais várias. Quando chegou ao Japão em 1897, ele descobriu o que via como arte suprema- jujutsu. Seu livro “The Fighting spirit of Japan” é um clássico. Não há dúvidas que Harrison conhecendo o fundador do Kodokan Judô, Kano Jigoro e outros mestres líderes, tentou adequar sua conduta pela ética do judô, mas era um homem duro. Era o que um autor escrevera sobre ele, suavemente pronunciando seu nome: Eu acredito que Harris fosse o campeão mundial knock-drag out fighter; Eu sei que ele pode fazer qualquer pugilista profissional, qualquer bandido ou valente homem mal de filme, parecer uma garotinha. Quando Harris precisava treinar ele saia arrumando confusão, e eu me considero afortunado de poder tê-lo observado em ação.
Em 1903, Steers chega ao Japão encontra Harrison e é introduzido ao jujutsu. De volta a Londres em 1904, Steers ingressa no Golden Square School de Uyeshini em Soho onde encontra Koizumi pela primeira vez. Ele constrou a casa, completa com dojô em Caterham que divide com o aluno de Raku, E. H. Nelson (mais tarde também membro do Budowai). Steers vendeu a casa em 1911, voltou para o japão onde entra para o Kodokan recebendo sua faixa preta em 1912. Kano observa em entrevista que Steers era seu mais honesto aluno ocidental. O primeiro ocidental a entrar para o Kodokan foi o Major inglês aposentado H.M. Hughes no ano de 1893, ou 26º ano da era meiji. Nada mais é sabido a seu respeito.
O clube mais antigo de judô
É sempre ditto que a Budokwai é a mais antiga sociedade de judô fora do Japão. Mas não é. O mais antigo clube fora do Japão é o Seattle judô Club na costa oeste dos EUA, que data de 1903, ou antes. Informações recentes vieram a provar que o mais antigo clube da Europa é o Cambridge University Ju-Jutsu Club, fundado por ECD Rawlins do Trinity College em 1906. Era um clube fechado limitado aos membros da universidade. A Budokwai, como organização independente pode ser tida como a mais antiga da Europa aberta ao público.
Jujutsu chega ao Oeste
O Jujutsu chega ao Oeste via duas rotas: à América pelo Pacífico e Inglaterra. Alguns milhares de imigrantes japoneses foram para a costa oeste da América e como esperado muitos eram experts em jujutsu. Tirando algumas exceções, a prática do jujutsu não foi muito difundida muito além da população japonesa por alguns anos (apesar de haver interesse dos militares e da polícia, largamente atribuído ao mais ardente fã do judô- Presidente Theodore Roosevelt (foto junto a Yamashita, seu instrutor de Judô) ou “aquele Cowboy na Casa Branca” como um crítico o apelidara). A natureza humana sendo como é, a chegada dos japoneses e chineses causou animosidade entre a maioria dos caucasianos (o que os índios americanos acharam?). Foi noticiado que quando os problemas raciais começaram, os chineses puseram trancas em suas portas e se trancaram, mas os japoneses marcharam para enfrentar. Deve ser registrado que a divisão do exército americano mais condecorada por seu valor na segunda guerra mundial foi a divisão Nissei (segunda geração de americanos descendentes de japoneses). Tanta coragem não merece ser esquecida.
Na Inglaterra a situação era diferente. Havia nada mais que alguns poucos japoneses residentes lá (a grande maioria até após a segunda guerra mundial, por volta da metade dos trinta era de 1600), vivendo predominantemente em Londres, mas também na área de Newcastle. O Jujutsu se espalhou por toda a população nativa em poucas semanas após a chegada de Tani e outros. Não havia entidade. Nada de admirável. O famoso artista, Markino, viveu por vários anos na Califórina onde foi rejeitado pelos residentes locais. Ele mais tarde escreveu de suas experiência em Londres onde chegou em 1897, dizendo “Estou amando Londres loucamente”, Quando atravessava a rua um policial parava o trânsito para ele passar! De Londres o jujutsu se espalhou para a França por intermédio dos alunos franceses de Uyeshini e Tani e mais tarde, Portugal e Espanha. Poderia ser a reação britânica suave se chegassem milhares de japoneses? Eu gosto de pensar que sim.
Interesses iniciais- Knighthood Society. (sociedade dos cavaleiros)
Voltando a 1918. Enquanto o nome Budokwai (o caminho da sociedade dos cavaleiros) implicava que o judô não era a única atividade, havia muito interesse em Kendô. Mas também pro vários anos haviam palestras semanais sobre todos os aspectos da cultura japonesa: Poesia, Budismo, espadas, pinturas rupestres, história, para nomear alguns. Por causa dos estranhos barulhos e batidas, tornou-se um hábito convidar a vizinhança para estas palestras e outros eventos para mostrar como feios, mas inofensivos os membros eram. Alguns anos mais tarde, há um comentário no Boletim Budokwai sobre os primeiros dias da sociedade, quando “...vizinhos ansiosos, horrorizados pelos barulhos e gritos, chamaram a polícia achando que alguém estava sendo torturado, massacrado ou seviciado”. Uma palestra foi dedicada à arte do Kiai (numa grossa definição, um tipo de grito). Não há registro de quantas janelas foram fechadas de modo abrupto, nem porque os trens ali passavam mais cedo na vizinha estação Victória. Steers, que se tornou o primeiro secretário honorário.
Um professor da Kodokan.
Seguindo esta palestra os membros ficaram interessados em terem um professor de judô atualizado. Ambos Tani e Koisumi eram expoentes do jujutsu- não que houvesse alguma diferença real entre as escolas de jujutsu e judô. O termo jujutsu é um nome genérico japonês que denomina todas as formas de combate desarmado. Kano disse que a única diferença entre todas as outras escolas e o a escola de judô era a ênfase dada ao combate atual, era maior em outras escolas de jujutsu e menor na escola do Kodokan Judô. Nenhma divisão pode ser feita com base na técnica. Antes de alguém disputar isso, aqui transcrevo o que Kano disse do Judô:
“ É o estudo das técnicas que você pode utilizar para matar se quiser, machucar se quiser ou submeter se quiser e, quando atacado defender a você mesmo.”
Mas ele também repetiu exaustivamente que judô tem um valor moral maior do que o físico. Nos dias de hoje é sempre esquecido que o objetivo máximo do Kodokan Judô (nome completo do judô) é a retidão moral.
Foi decidido que Steers escreveria a Kano para pedir por um professor do Kodokan para a Budokwai. Um bem sucedido empresário japonês concordou em financiar esse professor por dois anos. À 15 de julho de 1920 Koizumi e Steers deram as boas vindas a Kano na estação de Waterloo. Kano estava acompanhado de Ainda Hikochi, 4º dan (quarto grau de faixa preta), e o time japonês no trajeto para os jogos olímpicos de Antuérpia. Kano e Koizumi foram promovidos à nidan (segundo grau de faixa preta). Outros membros do Kodokan foram também graduados. Um membro chamado Tanabe recebeu seu primeiro dan (primeiro grau de faixa-preta), se tornando o primeiro graduado do Budokwai. Durante esta visita, Kano e Aida demonstraram o Ju-no-Kata e Koshiki-no-Kata (exercícios pré-determinados difíceis), a primeira vez que foram vistos na Inglaterra.
Na metade de 1921 um jovem japonês se juntou à sociedade, apesar de ser dito que ele já tinha estado lá no ano anterior. Otani Masutaro que viria a se tornar o pupilo favorito de Tani e mais tarde abriria seu próprio Dojo. Outros vieram. Outro membro antigo era Chrismas Humphreys, KC, que se tornou mais tarde Juiz da Suprema Corte; ele fundou a Sociedade Budista de Londres. Humphrey’s KC também era o último da linha do famoso juiz Jefferys, o juiz enforcador do “descomunal Sangrento.” Por volta de 1921, o primeiro torneio anual foi estabelecido, sendo obedecidas as premissas da sociedade, seguidas pela Royal Horticultural Hall em Victória, e a Aeolian Hall na New Bond Street. Mas logo o Stadium Club, High Halborn, destruído na segunda guerra, se tornou o local favorecido. Muitos anos passariam antes das famosas demonstrações no Royal Albert Hall.
Num torneio annual no Stadium Club, Bernard Shaw foi vistona platéia e Harrison foi enviado para convidá-lo a integrar o corpo de ilustres convidados o que ele aceitou. Em outra ocasião um príncipe da família real japonesa compareceu. Uma estrela famosa de filmes dos anos vinte e trinta, Hayakawa Sessue, expert em Kendô, deu uma demonstração no torneio anual. Além destas grandes demonstrações haviam pequenas ao longo dos anos; uma das primeiras foi no Eton College.
Budokwai cresce- Clubes afiliados; Oxford University Judo Club, Cambridge University Judo Club, the Metropolitan Police Club, the Ealing Judo Club, Jewish Lads' Brigade Judo Club, e two Scouts' Clubs Por volta da metade dos anos vinte foi grande o número de outros clubes formados, usualmente por membros da Sociedade, mas alguns haviam começado antes por alunos oficiais de Tani e Uyenishi então era possível a realização de torneios inter-clubes; Em 1927 os clubes que eram afiliados à Sociedade eram: Oxford University Judo Club, Cambridge University Judo Club, the Metropolitan Police Club, the Ealing Judo Club, Jewish Lads' Brigade Judo Club, and two Scouts' Clubs Budokwai cresce- Clubes afiliados; Oxford University Judo Club, Cambridge University Judo Club, the Metropolitan Police Club, the Ealing Judo Club, Jewish Lads' Brigade Judo Club, e two Scouts' Clubs (entre 1951 ou 1952 o número de clubes afiliados era de 110).
Ao longo dos anos, a Budokwai velejou de uma crise financeira para outra; era quase um meio de vida. Sempre Koizumi ajudava com verbas, sem interesse. Por volta dos anos 20, os empréstimos aumentaram para 500 libras, o que em termos de poder de procura em 1993 aumentou para mais de 9.000 libras esterlinas. Enquanto Koizumi não reclamava o comitê decidiu que o débito tinha que ser estabilizado e por isso foi criada uma Companhia em 1929, chamada Nihon Bujutstu Limitated, que emtiu debêntures aos membros. Isto possibilitou a Koizumi a pagar parte e talvez por isso a situação financeira melhorou significativamente. Agora o Comitê, mesmo ciente dos hábitos saudáveis instalou uma máquina de cigarros. Interessantemente, havia mais controvérsia sobre a instalação do aparelho de comunicação chamado telefone do que sobre a máquina de cigarros.
Primeiro Internacional- Budokan bate alemães 1929
Naquele mesmo ano de 1929, um convite para torneio veio de Herr Rhode do Clube am Main de Frankfurt. Na verdade havia duas disputas, a primeira com Frankfurt e a segunda com o Wiesbaden Club em 18 de Novembro. A Budokwai venceu com facilidade fazendo os dois clubes alemães mudarem para Kodokan Judô- Antes disso eles faziam muma estranha mistura de defesa pessoal, wrestling e estranhos tipos de Waza pegos em livros, na deturpada compreensão do que seria o Kodokan Judô. Muito fora tirado do livro de Hancock e Higashi em seu “the Complete Kano Jujutsu”, um trabalho que desagradou a Kano, já que utilizaram este nome e além disso não tinha conexão com judô. Tani e Uyeshini como gravado declararam que aquilo não tinha utilidade. Os alemães retribuíram à visita à Londres em 1930, e este foi o início das séries de disputas internacionais entre Alemanha e Grã Bretanha. 1930 viu o estabelecimento de novo evento anual o primeiro inter varsity match entre Oxford e Cambridge (a Light Blues ganhou).
Os membros do primeiro time internacional merecem ser lembrados: John Hood Ozawa, Charles Cawkell, Leonard Crewe, E. Kamp e Marcus Kaye, Kamp, um alemão membro da Sociedade lutou contra Wiesbaden, mas não contra Frankfurt- Seu Clube originário! Marcus Kaye, fanático por aviação, foi piloto durante a primeira grande guerra mundial. Abatido sobre a linha de Hindenburg e com uma bala alojada no braço, conseguiu um pouso de emergência planando o avião. Como prisioneiro de guerra tentou inúmeras vezes fugir, uma vez foi descrita num livro pelo sangue frio envolvido. De volta à vida civil e perseguido por pesadelos de guerra, foi aconselhado a praticar intensa atividade física para ajudá-lo a dormir. Assim, na metade dos anos 20, ele entrou para a Budokwai e com o tempo se tornou capitão do primeiro time internacional. Anos depois se tornou presidente da sociedade.
Primeira Publicação- The Budokwai- 1929
Um dos eventos mais marcantes daquele ano foi a publicação da primeira revista da Sociedade, The Budokwai. Foi batida, impressa e reproduzida em Stencil e durou apenas um ano. Continha piadas de alta qualidade como: “Tani escrito em letras chinesas se pronuncia “Flin Gum Hi Flin Gum Lo”, enquanto Otani vem a ser I Flim Gum Tu”. Leonard Crewe escreveu um conto de como ele começou no judô em 1924 sob direção de Leo McLaglen, Mclagen irmão de Victor McLaglen o astro de cinema (ambos filhos do bispo de Gunnesbury) que era campeão mundial de Jujutsu- Que infelizmente sabia pouco sobre jujutsu e haviam muitas histórias para embasar isso. Havia uma descrição de exibição pública de como se deve cair por Charles Cawkell, que mais tarde seria segundo dan da Budokwai:
Era uma vez, antes de me tornar membro da Budokwai, eu estava para fazer uma exibição junto com um amigo do que eu achava ser Ju-Jutsu. A demonstração deveria começar com técnicas de Ukemis. Eu entrei no palco e não havia colchões- Mesmo assim, me dirigi ao público: “Senhoras e Senhores, eu agora vou mostrar-lhes como cair suavemente no chão sem me machucar.” Tão logo corri, joguei meus pés para cima e caí. Não me machuquei, mas não ouvi aplauso- Eu estava inconsciente!”
De considerável valor era a pequena contribuição de “Como o judô ajuda.”
Um homem estava andando numa rua deserta e levou um corte. Ele foi subitamente atacado por três rufiões. Felizmente ele era membro da Budokwai. Um dos homens tinha uma faca que ele estava prestes a usar, que lhe foi tomada das mãos numa técnica de judô. Depois de usar um Tomoe-nage no primeiro, uma queda de quadril no segundo e uma chave de pescoço no terceiro, machucou consideravelmente os três. Depois de se livrar destes três, o homem continuou a andar na rua como se nada houvesse ocorrido. Isso é como o judô ajuda. O Fim, por Jumbo e Ralph Morris.
Por volta de 1929 os pilares gêmeos da Sociedade, Tani e Koizumi se juntaram a um terceiro- não imediatamente um pilar, mas logo seria mais um- Trevor Pryce Leggett. Quando se referia a judô, Leggett era focado. Um membro antigo notou que Leggett nunca usava nada além de uma blusa e uma jaqueta fina- Nenhuma vestimenta, casaco ou sobretudo, mesmo no rigoroso inverno, ele era o primeiro a chegar e o último a sair- Segundas à Sextas e nos Sábados e Domingos que a Sociedade estava aberta. Era como Kawaishi Mikonosuke chegou a América onde ele passou cinco anos. Por um tempo ele era um “viajante instrutor”, pela Budokwai, mas ele se desentendeu com Cawkell e se abriu o Clube Anglo-japonês de Judô em Nothing Hill Gate. Depois de alguns anos ele se mudou para a França e se tornou a maior influência no judô francês.
As dezessete promoções à dan de 1932
1932 se tornou um ano inesquecível para a Budokwai com dezessete promoções a dan (duas eram mulheres) e cinco promoções a segundo dan. Na metade dos anos 30, Yasuji Percy Sekine se engajou; na época que escrevia-lhe Hosaka Akinori, e Margo Sathaye, eram os maiores graus do Kodokan na Inglaterra cada um com sétimo dan. Outras que se juntam agora são: George Chew, John Barnes, Charles Grant, Ted Mossom, Frederick Kaurert e Andy Delpiano (mais tarde Dell). Chew, um policial descrito como na primeira noite foi-lhe dado um Kit de judô branco como a neve, olhando em volta ele viu que todos os outros Kits estavam suados e engordurados. Não querendo ser tido como um principiante total, ele estando sozinho no vestiário jogou o Kit no chão e pisou em cima. John Barnes, um piloto amador, se tornou Chairman da Sociedade.
Grant, peito de barril de cerca de cinco pés cinco polegadas e excelente boxer, geralmente era parceiro de Kauert nas demonstrações. Kauert tinha mais de seis pés. Delpiano, devido a um acidente sofreu intensas queimaduras, tinha muitas operações, mas seu azar não o impediu de se tornar um excelente judoman. Aqui está uma das suas experiências:
“Na época em que eu consegui meu primeiro dan, veja, eu fiquei um pouco orgulhoso disso e fui para um pub não muito longe daqui para uma celebração privada.
Tinha um sujeito perto de mim. Eu disse para ele: “Ei cara essa é minha cerveja.”
“Tudo bem” ele disse “E o que tem isso?”
Bem, eu estava assustado, mas nem tanto quanto quando um um sujeito enorme parceiro daquele se virou e me agarrou.
Você me conhece. Bom sujeito, muito quieto. Nem sempre eu tenho um estalo, mas eu tive. Eu apliquei uma chave de braço nele e o joguei fora do pavimento de cabeça. Claro, eu estava louco e peguei o outro pelas calças e o joguei na rua.
Eles não voltaram. Tudo o que eles queriam era que eu ficasse assustado e pagasse umas bebidas. Sendo jovem e inocente eu cairia nessa. Eles fariam isso por semanas. Não, eles não incomodaram mais ninguém. Por que eu lembrei isso? Porque foi a única vez que o proprietário (ou alguém) me pagou uma bebida.
Escolas de verão tradicionais
Seguindo a introdução dos campeonatos anglo-alemães em 1929, anualmente as escolas de judô de verão foram organizadas em Frankfurt. Rhode do Clube de Frankfurt especificamente pediu à Budokwai para ser responsável por estes eventos, uma jogada para amenizar a dissenção entre os clubes alemães. Os instrutores desses muito bem sucedidos cursos eram: Tani, Otani, Kawaishi, Koisumi, Dr. Rhi (da Suíça) e Dr. Kitabatake (membro do Kodokan – 5º Dan que estudava filosofia em Berlim- Que é a razão pela qual os berlinenses eram superiores no judô que os do resto da Alemanha). Com estas conexões internacionais, começaram as negociações em torno da formação de uma união européia de judô. É possível que a idéia tenha surgido nas discussões entre Kano e Koizumi. Muito trabalho foi feito na intenção de uma possível união, mas a deterioração dos negócios internacionais no fim dos anos 30, fez que a possível organização entrasse em colapço. Alguns anos depois, Koizumi relembrava “ A primeira união de judô europeu foi formada, mas nunca maturada.”
No Sábado, 26 de Janeiro de 1918, o Budokwai abriu suas portas pela primeira vez. Dois dias depois, na segunda feira pela manhã, os que treinavam no tatame ouviram som de tiros e bombas. Londres, ainda era alvo de bombardeios ocasionais. Ainda correriam muitos meses e milhares de mortes antes do armistício de novembro de 1918 que trouxe a trégua no front.
Mas como a Budokwai nasceu?
Gunji Koizumi- Infância e juventude.
Poderia ser um caso de geração espontânea organizacional. A história começa muita milhas longe dali na vila de Komatsuka na província de Ibraaki., Japão, ano de 1885. Ali Koizumi Gunji nasceu, mais novo filho de um empregado de fazenda, Koizumi Shukichi (1853- 1903) e sua mulher Katsu (1855-1920). Como filho mais novo só havia dois caminhos para ele: Adquirir sua própria fazenda ou ser adotado por uma família sem herdeiro masculino (costume japonês). Nenhuma destas opções o agradava, então com a idade de quinze anos ele deixou sua casa para tentar a sorte em Tóquio. Ele já tinha embarcado na sua longa fascinação pelas artes marciais, tendo iniciado Kendô na escola aos doze. Uma vez em Tóquio ele se alistou como telegrafista júnior para o governo. Foi nesse período que começou na prática do Tenshin Shinyo Ryu, a escola líder do Jujutsu. Uma vez qualificado como telegrafista ele trabalhou por pouco tempo em Tóquio antes de se alistar para trabalhar nas ferrovias na Coréia. Agora nova ambição surgiu: Ele queria estudar eletricidade e na sua opinião, o melhor lugar para fazer isso era a América. Com pouco dinheiro, ele decidiu fazer isso com uma série de “hops”, que ele fez via Shangai, Hong-Kong, Singapura. Índia, chegando ao país de Gales em 1906. Não espaço aqui para listar as diversas experiências que ele teve no caminho.]
Koizumi chega à Bretanha.
Ele chega à Londres em feriado bancário em 1906 e arranjou emprego de professor de jujutsu numa escola in Golden Square, Soho, que foi construída alguns anos antes por Uyenishi (Raku). Foi a última vez que ele ensinou jujutsu profissionalmente, para o resto de sua vida ele foi apenas amador. Nove meses após, em 1907, ele economizou bastante para viajar para a América. Uma vez lá e após diversos empregos menores ele se empregou como eletricista auxiliar na Newark Public Service Railway Company aprendendo engenharia elétrica prática e assistindo aulas noturnas e fazendo curso por correspondência. Se sentindo confiante de sua habilidade, ele retorna à Londres em 1910 e tenta se tornar eletricista em Vauxhall Bridge Road. Mas para se tornar eletricista ele necessitada de algo que não possuía- Capital! Isso, o levou a mudar os planos. Procurando uma ocupação mais e mais aprendizados artísticos ele lê e estuda.
Por volta de 1917, casado e com uma carreira promissora, entendeu que devia contribuir para o engrandecimento de seu país de adoção (quando perguntado porque nunca se tornou britânico ele dava uma gargalhada suave e apontando para seu rosto enfatizada: “ isto é errado!” E a contribuição tomou forma quando iniciou o instituto para estudo das artes marciais e suas correlatas atividades culturais. Ele encontrou e alugou duas lojas no baixo Grosvenor Place, Victoria. Como vimos, as portas abriram à 26 de janeiro de 1918. Havia um dojo (sala de treino) de cerca de vinte por vinte pés. O bebê Budokwai era solidamente democrático com comitê eleito, reuniões gerais anuais, uma constituição, apesar de que isso, levou algum tempo para estabelecer.
Koizumi era um homem de vontade férrea de alta probidade. Ele era também estritamente democrata, insistindo em seus processos democráticos, lembrando que por inúmeras vezes, haveriam de “ascender ditadores”. Ele previu o futuro com acuidade! Apesar de ser responsável pelo aluguel de 130 libras por ano, ele pagava suas contas junto com outros membros sempre com dia ou dois de diferença. No fim do primeiro ano de funcionamento o número de membros, aumentou para cinqüenta e quatro, a maioria japonesa. O Primeiro inglês a ingressar na instituição foi O.D. Smith como membro número trinta e sete: Yukio Tani era o membro de número quatorze e W.E Steers numero cinqüenta e dois. Steers introduziu Ernest John Harrison em Maio de 1919, eles tinham sido amigos no Japão. A primeira mulher-membro número sessenta foi Miss Katherine Cooper- White, que ingressou em abril de 1919. Seguindo ela, outras mulheres ingressaram e em poucos anos havia a regular seção feminina.
Tani Yukio
O primeiro educador professional da Sociedade foi Tani Yukio (em japonês o sobrenome vem primeiro). Tani (1881-1950) chegou no fim de 1900 acompanhado de seu irmão trazido por E. W. Barton Wright. Wright, que era obcecado por todas as formas de luta, passou três meses no Japão onde aprendeu Jujutsu. Não se sabe ao certo em qual escola, mas provavelmente foi a Tenshin Shinyo Ryu, a mais popular das antigas escolas naquele tempo. Certamente não foi o Kano Ryu de Jujutsu, como o Kodokan Judô fora primeiro chamado segundo as primeiras fontes. Quando retornou à Londres em 1898, Wright abriu uma escola em Shaftesbury avenue onde se ensinava boxe, fencing, wrestling, La Savate e, com a chegada dos irmãos Tani, jujutsu passou a ser ensinado.. Mesmo antes da chegada dos irmãos Tani, Wright já fazia demonstrações do que ele chamava Bartitsu, que não era mais que jujutsu com alguns detalhes pessoais adicionados.
Logo os irmãos Tani eram seguidos por Yamamoto. Além de ensinarem em sua escola, era óbvio que Wright queria que os japoneses fizessem demonstrações em auditórios musicais. O irmão mais velho de Tani e Yamamoto discordaram disso e retornaram ao Japão. Logo depois, Wright trouxe Uyenishi Sadakazu que, junto com Yukio, não fazia objeção às exibições. Eles causaram sensação desafiando qualquer pessoa de qualquer peso e com a habilidade de vencê-las. Dentro de alguns anos, Tani e Uyenishi se separaram de Wright que agora desaparece da história. Mas honra seja feita à Edward William Barton Wright (1860-1951) pelo que foi a introdução do jujutsu na Inglaterra e mesmo na Europa. Ele morreu não deixando herança nem parentes, conseqüentemente sendo enterrado numa cova sem registro no cemitério Kingston. Talvez, um dia, alguma gentil organização de judô erguerá algum memorial apropriado.
A seguir da separação de Barthon Wright, Tani seguiu sob a direção de William Bankier. Bankier, cujo nome artístico era Apollo, atuava como homem forte. Ele era, o que nem Tani nem Barthon Wright eram, um showman experiente. Durante quatro ou cinco anos, ele e Tani estiveram juntos demonstrando em muitos lugares pela Bretanha, Apollo, fazendo performances de força e ajudando Tani no Jujutsu. Apolo lidava com o lado empresarial, arranjando compromissos em teatros e music halls. Eventualmente a parceria termina. Alguns anos mais tarde, Bakier se juntou à budokwai unindo-se a Tani mais uma vez.
Uyeshini, que se apresentava usando o nome artístico de Raku, abriu uma escola no quarteirão dourado, como mencionado antes. Uyenishi, com ajuda de seu pupilo Nelson, escreveu o Textbook of Jujutsu como praticado no Japão que foi publicado em 1906. Por volta de 1908, quando Raku deixou a Bretanha, a escola passou a ser dirigida por William Garrud, outro de seus pupilos. Tani, junto com Miyake (haviam outros japoneses experts ao redor deles como Ono e Maeda- Mais tarde criador do estilo Gracie Jujutsu), também abriram uma escola, essa em Oxford Street, que durou cerca de dois anos.
Já em 1906, Tani e Myiake também publicaram um livro, chamado “The game of Jujutsu (foto), for the use of Schools and Colleges”. Deve ser ditto que a Sra. Emily Watt, aluna de Raku, também escreveu um livro “The Fine art of Jujutsu” em 1906. Outro trabalho de Bankier publicado pela Apollo Magazine de Saúde e força e contendo muitas fotografias de Tani e Uyeshini. Deve ser dito que conquanto todos os trabalhos mencionados fossem excelentes, os feitos por japoneses eram superiores aos que fizeram Bankier e Watt. Também deve ser dito que todos os livros de Jujutsu publicados em inglês naqueles anos devem ser considerados como curiosidade e não para estudos sérios.
Edith Garrud e os eleitos-
A mulher de William Garrud, Edith, expert em Jujutsu em sua própria notoridade se tornou conhecida treinadora dos “lutadores eleitos”, uma guarda de segurança pessoal da Srª Pankhust. Edith, depois de separar-se de seu marido abriu um dojo próximo ao Oxford Circus que era usado como base para os eleitos para fugir após quebrar algumas janelas e voltar inocentemente aos treinos de jujutsu quando a polícia chegava. Ela era uma mulher magra com um espírito indomável. Em fotografias de cerca de 1910-12, mostram-na lidando com policiais, ela está usando um chapéu enorme, verdadeira tenda no estilo daqueles dias.
Interesse por casas de música
Por volta de 1910 quando voltou da América, Koizumi notou que o interesse que atraía platéias às music halls deixara de estar relacionado à jujutsu, Wrestling, e shows de força, e, com a exceção de Tani, que passaria o resto de sua vida na Inglaterra, todos os outros deixaram este país. Tani, cujo pai e avô também eram professores de jujutsu tinha o dom de captar a imaginação do público- era pequeno e leve- nunca recusou desafio. Toda Grã-Bretanha sabia de Tani. Era famoso. Nesses shows, quedas não contavam se o desafiado pudesse se levantar depois de levado ao solo. O fim só chegava após o desafiante ser submetido com um estrangulamento, uma chave de braço, uma imobilização, ou se ele não pudesse levantar após ser seguidamente derrubado. Tani também se engajou no Catch- Catch- as- can (ou Free Style) wrestling e aqui também desenvolveu considerável reputação, particularmente no norte da Inglaterra.
E.J. Harrison
Harrison (1873-1961), um jornalista de Manchester, apesar de baseado no Japão por cerca de vinte anos, muito viajou pela Corea, China, estados bálticos e Rússia Européia e Sibéria. Era um lingüista de considerável habilidade, com razoável conhecimento de francês, italiano, espanhol e fluente em japonês, russo, polonês e lituano. Ele teve uma vida aventureira cobrindo a guerra russo-japonesa, a abertura da primeira Duma e participando dos planos de nobres russos para assassinar Rasputin. Ele, como Barton Wright era aficionado por artes marciais várias. Quando chegou ao Japão em 1897, ele descobriu o que via como arte suprema- jujutsu. Seu livro “The Fighting spirit of Japan” é um clássico. Não há dúvidas que Harrison conhecendo o fundador do Kodokan Judô, Kano Jigoro e outros mestres líderes, tentou adequar sua conduta pela ética do judô, mas era um homem duro. Era o que um autor escrevera sobre ele, suavemente pronunciando seu nome: Eu acredito que Harris fosse o campeão mundial knock-drag out fighter; Eu sei que ele pode fazer qualquer pugilista profissional, qualquer bandido ou valente homem mal de filme, parecer uma garotinha. Quando Harris precisava treinar ele saia arrumando confusão, e eu me considero afortunado de poder tê-lo observado em ação.
Em 1903, Steers chega ao Japão encontra Harrison e é introduzido ao jujutsu. De volta a Londres em 1904, Steers ingressa no Golden Square School de Uyeshini em Soho onde encontra Koizumi pela primeira vez. Ele constrou a casa, completa com dojô em Caterham que divide com o aluno de Raku, E. H. Nelson (mais tarde também membro do Budowai). Steers vendeu a casa em 1911, voltou para o japão onde entra para o Kodokan recebendo sua faixa preta em 1912. Kano observa em entrevista que Steers era seu mais honesto aluno ocidental. O primeiro ocidental a entrar para o Kodokan foi o Major inglês aposentado H.M. Hughes no ano de 1893, ou 26º ano da era meiji. Nada mais é sabido a seu respeito.
O clube mais antigo de judô
É sempre ditto que a Budokwai é a mais antiga sociedade de judô fora do Japão. Mas não é. O mais antigo clube fora do Japão é o Seattle judô Club na costa oeste dos EUA, que data de 1903, ou antes. Informações recentes vieram a provar que o mais antigo clube da Europa é o Cambridge University Ju-Jutsu Club, fundado por ECD Rawlins do Trinity College em 1906. Era um clube fechado limitado aos membros da universidade. A Budokwai, como organização independente pode ser tida como a mais antiga da Europa aberta ao público.
Jujutsu chega ao Oeste
O Jujutsu chega ao Oeste via duas rotas: à América pelo Pacífico e Inglaterra. Alguns milhares de imigrantes japoneses foram para a costa oeste da América e como esperado muitos eram experts em jujutsu. Tirando algumas exceções, a prática do jujutsu não foi muito difundida muito além da população japonesa por alguns anos (apesar de haver interesse dos militares e da polícia, largamente atribuído ao mais ardente fã do judô- Presidente Theodore Roosevelt (foto junto a Yamashita, seu instrutor de Judô) ou “aquele Cowboy na Casa Branca” como um crítico o apelidara). A natureza humana sendo como é, a chegada dos japoneses e chineses causou animosidade entre a maioria dos caucasianos (o que os índios americanos acharam?). Foi noticiado que quando os problemas raciais começaram, os chineses puseram trancas em suas portas e se trancaram, mas os japoneses marcharam para enfrentar. Deve ser registrado que a divisão do exército americano mais condecorada por seu valor na segunda guerra mundial foi a divisão Nissei (segunda geração de americanos descendentes de japoneses). Tanta coragem não merece ser esquecida.
Na Inglaterra a situação era diferente. Havia nada mais que alguns poucos japoneses residentes lá (a grande maioria até após a segunda guerra mundial, por volta da metade dos trinta era de 1600), vivendo predominantemente em Londres, mas também na área de Newcastle. O Jujutsu se espalhou por toda a população nativa em poucas semanas após a chegada de Tani e outros. Não havia entidade. Nada de admirável. O famoso artista, Markino, viveu por vários anos na Califórina onde foi rejeitado pelos residentes locais. Ele mais tarde escreveu de suas experiência em Londres onde chegou em 1897, dizendo “Estou amando Londres loucamente”, Quando atravessava a rua um policial parava o trânsito para ele passar! De Londres o jujutsu se espalhou para a França por intermédio dos alunos franceses de Uyeshini e Tani e mais tarde, Portugal e Espanha. Poderia ser a reação britânica suave se chegassem milhares de japoneses? Eu gosto de pensar que sim.
Interesses iniciais- Knighthood Society. (sociedade dos cavaleiros)
Voltando a 1918. Enquanto o nome Budokwai (o caminho da sociedade dos cavaleiros) implicava que o judô não era a única atividade, havia muito interesse em Kendô. Mas também pro vários anos haviam palestras semanais sobre todos os aspectos da cultura japonesa: Poesia, Budismo, espadas, pinturas rupestres, história, para nomear alguns. Por causa dos estranhos barulhos e batidas, tornou-se um hábito convidar a vizinhança para estas palestras e outros eventos para mostrar como feios, mas inofensivos os membros eram. Alguns anos mais tarde, há um comentário no Boletim Budokwai sobre os primeiros dias da sociedade, quando “...vizinhos ansiosos, horrorizados pelos barulhos e gritos, chamaram a polícia achando que alguém estava sendo torturado, massacrado ou seviciado”. Uma palestra foi dedicada à arte do Kiai (numa grossa definição, um tipo de grito). Não há registro de quantas janelas foram fechadas de modo abrupto, nem porque os trens ali passavam mais cedo na vizinha estação Victória. Steers, que se tornou o primeiro secretário honorário.
Um professor da Kodokan.
Seguindo esta palestra os membros ficaram interessados em terem um professor de judô atualizado. Ambos Tani e Koisumi eram expoentes do jujutsu- não que houvesse alguma diferença real entre as escolas de jujutsu e judô. O termo jujutsu é um nome genérico japonês que denomina todas as formas de combate desarmado. Kano disse que a única diferença entre todas as outras escolas e o a escola de judô era a ênfase dada ao combate atual, era maior em outras escolas de jujutsu e menor na escola do Kodokan Judô. Nenhma divisão pode ser feita com base na técnica. Antes de alguém disputar isso, aqui transcrevo o que Kano disse do Judô:
“ É o estudo das técnicas que você pode utilizar para matar se quiser, machucar se quiser ou submeter se quiser e, quando atacado defender a você mesmo.”
Mas ele também repetiu exaustivamente que judô tem um valor moral maior do que o físico. Nos dias de hoje é sempre esquecido que o objetivo máximo do Kodokan Judô (nome completo do judô) é a retidão moral.
Foi decidido que Steers escreveria a Kano para pedir por um professor do Kodokan para a Budokwai. Um bem sucedido empresário japonês concordou em financiar esse professor por dois anos. À 15 de julho de 1920 Koizumi e Steers deram as boas vindas a Kano na estação de Waterloo. Kano estava acompanhado de Ainda Hikochi, 4º dan (quarto grau de faixa preta), e o time japonês no trajeto para os jogos olímpicos de Antuérpia. Kano e Koizumi foram promovidos à nidan (segundo grau de faixa preta). Outros membros do Kodokan foram também graduados. Um membro chamado Tanabe recebeu seu primeiro dan (primeiro grau de faixa-preta), se tornando o primeiro graduado do Budokwai. Durante esta visita, Kano e Aida demonstraram o Ju-no-Kata e Koshiki-no-Kata (exercícios pré-determinados difíceis), a primeira vez que foram vistos na Inglaterra.
Na metade de 1921 um jovem japonês se juntou à sociedade, apesar de ser dito que ele já tinha estado lá no ano anterior. Otani Masutaro que viria a se tornar o pupilo favorito de Tani e mais tarde abriria seu próprio Dojo. Outros vieram. Outro membro antigo era Chrismas Humphreys, KC, que se tornou mais tarde Juiz da Suprema Corte; ele fundou a Sociedade Budista de Londres. Humphrey’s KC também era o último da linha do famoso juiz Jefferys, o juiz enforcador do “descomunal Sangrento.” Por volta de 1921, o primeiro torneio anual foi estabelecido, sendo obedecidas as premissas da sociedade, seguidas pela Royal Horticultural Hall em Victória, e a Aeolian Hall na New Bond Street. Mas logo o Stadium Club, High Halborn, destruído na segunda guerra, se tornou o local favorecido. Muitos anos passariam antes das famosas demonstrações no Royal Albert Hall.
Num torneio annual no Stadium Club, Bernard Shaw foi vistona platéia e Harrison foi enviado para convidá-lo a integrar o corpo de ilustres convidados o que ele aceitou. Em outra ocasião um príncipe da família real japonesa compareceu. Uma estrela famosa de filmes dos anos vinte e trinta, Hayakawa Sessue, expert em Kendô, deu uma demonstração no torneio anual. Além destas grandes demonstrações haviam pequenas ao longo dos anos; uma das primeiras foi no Eton College.
Budokwai cresce- Clubes afiliados; Oxford University Judo Club, Cambridge University Judo Club, the Metropolitan Police Club, the Ealing Judo Club, Jewish Lads' Brigade Judo Club, e two Scouts' Clubs Por volta da metade dos anos vinte foi grande o número de outros clubes formados, usualmente por membros da Sociedade, mas alguns haviam começado antes por alunos oficiais de Tani e Uyenishi então era possível a realização de torneios inter-clubes; Em 1927 os clubes que eram afiliados à Sociedade eram: Oxford University Judo Club, Cambridge University Judo Club, the Metropolitan Police Club, the Ealing Judo Club, Jewish Lads' Brigade Judo Club, and two Scouts' Clubs Budokwai cresce- Clubes afiliados; Oxford University Judo Club, Cambridge University Judo Club, the Metropolitan Police Club, the Ealing Judo Club, Jewish Lads' Brigade Judo Club, e two Scouts' Clubs (entre 1951 ou 1952 o número de clubes afiliados era de 110).
Ao longo dos anos, a Budokwai velejou de uma crise financeira para outra; era quase um meio de vida. Sempre Koizumi ajudava com verbas, sem interesse. Por volta dos anos 20, os empréstimos aumentaram para 500 libras, o que em termos de poder de procura em 1993 aumentou para mais de 9.000 libras esterlinas. Enquanto Koizumi não reclamava o comitê decidiu que o débito tinha que ser estabilizado e por isso foi criada uma Companhia em 1929, chamada Nihon Bujutstu Limitated, que emtiu debêntures aos membros. Isto possibilitou a Koizumi a pagar parte e talvez por isso a situação financeira melhorou significativamente. Agora o Comitê, mesmo ciente dos hábitos saudáveis instalou uma máquina de cigarros. Interessantemente, havia mais controvérsia sobre a instalação do aparelho de comunicação chamado telefone do que sobre a máquina de cigarros.
Primeiro Internacional- Budokan bate alemães 1929
Naquele mesmo ano de 1929, um convite para torneio veio de Herr Rhode do Clube am Main de Frankfurt. Na verdade havia duas disputas, a primeira com Frankfurt e a segunda com o Wiesbaden Club em 18 de Novembro. A Budokwai venceu com facilidade fazendo os dois clubes alemães mudarem para Kodokan Judô- Antes disso eles faziam muma estranha mistura de defesa pessoal, wrestling e estranhos tipos de Waza pegos em livros, na deturpada compreensão do que seria o Kodokan Judô. Muito fora tirado do livro de Hancock e Higashi em seu “the Complete Kano Jujutsu”, um trabalho que desagradou a Kano, já que utilizaram este nome e além disso não tinha conexão com judô. Tani e Uyeshini como gravado declararam que aquilo não tinha utilidade. Os alemães retribuíram à visita à Londres em 1930, e este foi o início das séries de disputas internacionais entre Alemanha e Grã Bretanha. 1930 viu o estabelecimento de novo evento anual o primeiro inter varsity match entre Oxford e Cambridge (a Light Blues ganhou).
Os membros do primeiro time internacional merecem ser lembrados: John Hood Ozawa, Charles Cawkell, Leonard Crewe, E. Kamp e Marcus Kaye, Kamp, um alemão membro da Sociedade lutou contra Wiesbaden, mas não contra Frankfurt- Seu Clube originário! Marcus Kaye, fanático por aviação, foi piloto durante a primeira grande guerra mundial. Abatido sobre a linha de Hindenburg e com uma bala alojada no braço, conseguiu um pouso de emergência planando o avião. Como prisioneiro de guerra tentou inúmeras vezes fugir, uma vez foi descrita num livro pelo sangue frio envolvido. De volta à vida civil e perseguido por pesadelos de guerra, foi aconselhado a praticar intensa atividade física para ajudá-lo a dormir. Assim, na metade dos anos 20, ele entrou para a Budokwai e com o tempo se tornou capitão do primeiro time internacional. Anos depois se tornou presidente da sociedade.
Primeira Publicação- The Budokwai- 1929
Um dos eventos mais marcantes daquele ano foi a publicação da primeira revista da Sociedade, The Budokwai. Foi batida, impressa e reproduzida em Stencil e durou apenas um ano. Continha piadas de alta qualidade como: “Tani escrito em letras chinesas se pronuncia “Flin Gum Hi Flin Gum Lo”, enquanto Otani vem a ser I Flim Gum Tu”. Leonard Crewe escreveu um conto de como ele começou no judô em 1924 sob direção de Leo McLaglen, Mclagen irmão de Victor McLaglen o astro de cinema (ambos filhos do bispo de Gunnesbury) que era campeão mundial de Jujutsu- Que infelizmente sabia pouco sobre jujutsu e haviam muitas histórias para embasar isso. Havia uma descrição de exibição pública de como se deve cair por Charles Cawkell, que mais tarde seria segundo dan da Budokwai:
Era uma vez, antes de me tornar membro da Budokwai, eu estava para fazer uma exibição junto com um amigo do que eu achava ser Ju-Jutsu. A demonstração deveria começar com técnicas de Ukemis. Eu entrei no palco e não havia colchões- Mesmo assim, me dirigi ao público: “Senhoras e Senhores, eu agora vou mostrar-lhes como cair suavemente no chão sem me machucar.” Tão logo corri, joguei meus pés para cima e caí. Não me machuquei, mas não ouvi aplauso- Eu estava inconsciente!”
De considerável valor era a pequena contribuição de “Como o judô ajuda.”
Um homem estava andando numa rua deserta e levou um corte. Ele foi subitamente atacado por três rufiões. Felizmente ele era membro da Budokwai. Um dos homens tinha uma faca que ele estava prestes a usar, que lhe foi tomada das mãos numa técnica de judô. Depois de usar um Tomoe-nage no primeiro, uma queda de quadril no segundo e uma chave de pescoço no terceiro, machucou consideravelmente os três. Depois de se livrar destes três, o homem continuou a andar na rua como se nada houvesse ocorrido. Isso é como o judô ajuda. O Fim, por Jumbo e Ralph Morris.
Por volta de 1929 os pilares gêmeos da Sociedade, Tani e Koizumi se juntaram a um terceiro- não imediatamente um pilar, mas logo seria mais um- Trevor Pryce Leggett. Quando se referia a judô, Leggett era focado. Um membro antigo notou que Leggett nunca usava nada além de uma blusa e uma jaqueta fina- Nenhuma vestimenta, casaco ou sobretudo, mesmo no rigoroso inverno, ele era o primeiro a chegar e o último a sair- Segundas à Sextas e nos Sábados e Domingos que a Sociedade estava aberta. Era como Kawaishi Mikonosuke chegou a América onde ele passou cinco anos. Por um tempo ele era um “viajante instrutor”, pela Budokwai, mas ele se desentendeu com Cawkell e se abriu o Clube Anglo-japonês de Judô em Nothing Hill Gate. Depois de alguns anos ele se mudou para a França e se tornou a maior influência no judô francês.
As dezessete promoções à dan de 1932
1932 se tornou um ano inesquecível para a Budokwai com dezessete promoções a dan (duas eram mulheres) e cinco promoções a segundo dan. Na metade dos anos 30, Yasuji Percy Sekine se engajou; na época que escrevia-lhe Hosaka Akinori, e Margo Sathaye, eram os maiores graus do Kodokan na Inglaterra cada um com sétimo dan. Outras que se juntam agora são: George Chew, John Barnes, Charles Grant, Ted Mossom, Frederick Kaurert e Andy Delpiano (mais tarde Dell). Chew, um policial descrito como na primeira noite foi-lhe dado um Kit de judô branco como a neve, olhando em volta ele viu que todos os outros Kits estavam suados e engordurados. Não querendo ser tido como um principiante total, ele estando sozinho no vestiário jogou o Kit no chão e pisou em cima. John Barnes, um piloto amador, se tornou Chairman da Sociedade.
Grant, peito de barril de cerca de cinco pés cinco polegadas e excelente boxer, geralmente era parceiro de Kauert nas demonstrações. Kauert tinha mais de seis pés. Delpiano, devido a um acidente sofreu intensas queimaduras, tinha muitas operações, mas seu azar não o impediu de se tornar um excelente judoman. Aqui está uma das suas experiências:
“Na época em que eu consegui meu primeiro dan, veja, eu fiquei um pouco orgulhoso disso e fui para um pub não muito longe daqui para uma celebração privada.
Tinha um sujeito perto de mim. Eu disse para ele: “Ei cara essa é minha cerveja.”
“Tudo bem” ele disse “E o que tem isso?”
Bem, eu estava assustado, mas nem tanto quanto quando um um sujeito enorme parceiro daquele se virou e me agarrou.
Você me conhece. Bom sujeito, muito quieto. Nem sempre eu tenho um estalo, mas eu tive. Eu apliquei uma chave de braço nele e o joguei fora do pavimento de cabeça. Claro, eu estava louco e peguei o outro pelas calças e o joguei na rua.
Eles não voltaram. Tudo o que eles queriam era que eu ficasse assustado e pagasse umas bebidas. Sendo jovem e inocente eu cairia nessa. Eles fariam isso por semanas. Não, eles não incomodaram mais ninguém. Por que eu lembrei isso? Porque foi a única vez que o proprietário (ou alguém) me pagou uma bebida.
Escolas de verão tradicionais
Seguindo a introdução dos campeonatos anglo-alemães em 1929, anualmente as escolas de judô de verão foram organizadas em Frankfurt. Rhode do Clube de Frankfurt especificamente pediu à Budokwai para ser responsável por estes eventos, uma jogada para amenizar a dissenção entre os clubes alemães. Os instrutores desses muito bem sucedidos cursos eram: Tani, Otani, Kawaishi, Koisumi, Dr. Rhi (da Suíça) e Dr. Kitabatake (membro do Kodokan – 5º Dan que estudava filosofia em Berlim- Que é a razão pela qual os berlinenses eram superiores no judô que os do resto da Alemanha). Com estas conexões internacionais, começaram as negociações em torno da formação de uma união européia de judô. É possível que a idéia tenha surgido nas discussões entre Kano e Koizumi. Muito trabalho foi feito na intenção de uma possível união, mas a deterioração dos negócios internacionais no fim dos anos 30, fez que a possível organização entrasse em colapço. Alguns anos depois, Koizumi relembrava “ A primeira união de judô europeu foi formada, mas nunca maturada.”
terça-feira, 4 de maio de 2010
VERDADE OU MITO ?
A história das artes marciais são cheias de mistério,lendas e mitos, muitas chegam a ser nebulosas, é o caso do Brasilian Jiu-jitsu, o estilo brasileiro de "Ju-jutsu" que nasceu do Judô Kodokan,eu estava navegando em sites sobre artes marciais e me deparei com uma publicação do Reyson Gracie (Fundador do Jiu-Jitsu no Amazonas), está publicado no site da Confederação Olimpica de Jiu-jitsu, eu já havia lido algumas publicações sobre a origem do ju-jutsu, mas confeço que essa ganha de longe todas as outras que li em termos de falta de informação histórica e cultural.
Nela o autor faz um festival de desinformações a respeito da própria arte que pratica, e o pior, despreza outras artes marciais e seus criadores...
Colocarei parte dos textos descritos no site e analizaremos cada uma das afirmações baseadas em fatos históricos...
VERDADE OU MITO ?
1)-"Conheça um pouco da história do Jiu-Jitsu
JIU-JITSU – “Pai de todas as lutas”
Breve Histórico do JIU-JITSU – de 500 A.C. até nossos dias. (cerca de 2400 anos de existência)
JIU-JITSU é uma perfeita arte científica marcial de defesa pessoal. Em combate real é invencível contra qualquer modalidade de luta. É superior a todos os demais estilos por ser o mais completo.
JIU-JITSU dividi-se em:
1. Quedas (Ju-Dô)
2. Traumatismo – Atemi (Karatê-Jitsu)
3. Torções (Aiki-Jitsu)
4. Estrangulamentos
5. Pressões
6. Imobilizações
7. Colocação (Posição de combate, Momento de Ataque e esquiva)
É praticado em pé e no chão e com qualquer tipo de vestuário.
Origem
Apesar de contraditórias versões, a origem do JIU-JITSU é inegavelmente atribuída à Índia, berço das religiões e de cultura inigualável.
Monges budistas, de grande saber e de perfeito conhecimento do corpo humano, foram os criadores da mais perfeita e completa forma de defesa pessoal de todas as épocas, que é o JIU-JITSU – o pai de todas as lutas."
R)-MITO!
Se o ju-jutsu é o “pai de todas as lutas”, quem seria a mãe ?
Esse é um engano no qual grande parte dos praticantes propagam através de mestre para aluno, na verdade esse tipo de especulação surgiu por volta de 1965 com os Gracie.
Não se tem base ciêntifica ou histórica para afirmar que o Ju-jutsu é a luta mais antiga do mundo, se pesquisarmos um pouco mais sobre o assunto, fica difícil compreender esse tipo de afirmação por uma simples posição histórica; existe registros de lutas no minimo 2.000 anos mais antiga que a bíblia, vide referências confiáveis, o poema de gilgamesh(foto), na época dos sumérios, já descrevia em caráter cueniforme a luta, com golpes , técnicas, etc.
Não se pode provar com certeza a criação dessa maravilhosa arte de combate, o que sabemos na verdade é que as primeiras menções ao Ju-jutsu encontra-se no livro de contos japoneses, o Nihon Shoki que relata as crônicas mais antigas da história do Japão. Essas crônicas foram escritas por ordem imperial no ano 720 da era Cristã, em trechos apropriados falam de um torneio de Chikara-Kurabe (competição de força), confirmados pela história do Judô de Kodokan.
Esta competição de Chikara-Kurabe foi realizada no sétimo ano do Imperador Suinin, 230 anos A.C. E historicamente vista como o começo da luta japonesa que poderia ser o Ju-Jutsu ou o Sumô, que se caracteriza como uma autêntica prova das Histórias do estado embrionário da prática do Ju-Jutsu e Sumô nos tempos mais antigos e recuados no Japão primitivo.
Esses comentários e crônicas vão se diversificando com relação que se pretende entender como a gênese do Ju-Jutsu, uma vez que aparecem nas crônicas medievais e até mais antigas, uma dúzia ou talvez mais de nomes diferentes como Yawara, Taijutsu, Wajutsu, Torite, Kogusoku, Kempô, Hakuda, Kumiuchi, Rhubaku, Koshi-No-Nawari etc. São numerosas as escolas, e cada uma delas se distingue das outras pelas diferenças dos próprios métodos de combate.
O mais antigo texto a respeito da palavra "Yawara", que também era usada para descrever o Ju-jutsu, aparece na literatura japonesa e está contido no “Konloku Monogatari”, livro dos contos antigos e modernos que foi escrito na metade do décimo primeiro século. Como a palavra Yawara foi mencionada naquele livro a propósito de um conto sobre Sumô, não se pode identificá-la com o Ju-Jutsu.
Concluamos, pois, que o Ju-Jutsu, de fato senão de direito, é uma manifestação de cultura do povo japonês, o qual nele reflete suas próprias características, pode ter sofrido muitas influências, principalmente a chinesa, MAS É CRIAÇÃO DO POVO JAPONÊS.
No Brasil, temos o hábito de fazer referência ao Ju-Jutsu, como se fôsse um único sistema de luta. Mas não se trata de um sistema, mas de diversos sistemas de luta herdados do Japão Feudal. Justamente pelo Japão da época estar dividido em feudos, cada qual com suas atividades militares particulares, havia uma pluralidade de sistemas.
2)-"Torna-se, portanto, necessário o conhecimento das origens do Budismo, para que se possa compreender a criação da forma de luta que, séculos mais tarde, foi chamada pelos japoneses de “Arte Suave”, ou seja, técnica de defesa pessoal que, com o mínimo de esforço, sem necessidade do uso da força bruta, permite ao mais fraco defender-se e derrotar um adversário fisicamente mais forte.
O Budismo
Há cerca de 2500 anos passados, nascia ao norte da Índia (algumas milhas acima de Benares), o príncipe SIDDHARTHA GAUTAMA, membro da tribo SAKYA , que usava o dialeto Pali ou o Sânscrito. Homem culto e de grande inteligência, lançou as bases da religião que traria o seu nome e logo desenvolve-se por toda a Índia. Uma das principais preocupações de Buda (“O Iluminado”), foi dotar seus seguidores de grande cultura e conhecimento gerais, para melhor propagarem a sua fé.
Dentre seus seguidores – monges de longínquos monastérios obrigados a percorrer pelo interior da Índia, em longas caminhadas, tendo de se defender contra assaltos de bandidos que infestavam a região – apareceram aqueles que realmente são os criadores da luta que permitia a sua defesa sem o uso de armas atentatórias a moral de sua religião. Assim nasceu o JIU-JITSU – com o espírito de defesa que é a sua essência.
A aplicação de leis físicas, tais como “sistema de alavanca, momento de força, equilíbrio, centro de gravidade e o estudo minucioso dos pontos vitais do corpo humano”, propiciou aos seus criadores fazer do JIU-JITSU uma arte científica de luta.
Propagação
A disseminação do JIU-JITSU pela Ásia viria séculos mais tarde quando ( a cerca de 250 AC., ou seja, 2.250 anos passados), reinou na Índia DEVANAMPRIYA PRIYADARSIM, conhecido como rei ASOKA – 2 séculos depois de BUDA.
Abraçado ao Budismo, Asoka desenvolveu-o criando milhares de Monastérios dentro e fora da Índia. Desta maneira, o budismo e, com ele, o JIU-JITSU atingiram o Ceilão, a Birmânia e o Tibet. Depois, o Sião e todo o sudeste da Ásia. Posteriormente, a China, e, finalmente, o Japão – onde cresceu e tomou grande impulso, emigrando em seguida para o Ocidente. A entrada do JIU-JITSU no Japão é anterior ao nascimento de Cristo.
R)-Mito!
Novamente aquela conversa de que os monges indianos inventaram o Ju-jutsu para se defender de ladrões que os atacavam em suas caminhadas...
O Jujutsu japonês foi formado com base em técnicas nipônicas muito mais antigas, algumas das quais ainda presentes no Sumô, bem como por posições e movimentos do Kenjutsu. Temos que acrescentar ainda a forte influência da cultura chinesa, como as técnicas de Chin Na e Shuai Shao do Wushu.
Quando os monges indianos chegaram à China, já existiam diversos estilos de Wushu, aos quais eles acrescentaram seus conhecimentos de Vajramushti, arte marcial indiana que dominavam. Mais tarde o Wushu, principalmente o de Shaolin, influenciou diversas artes marciais okinawanas e japonesas, como o Karatê e o Jujutsu. Mas não se pode afirmar que a arte marcial dos monges indianos era o Ju-jutsu, e que este foi passado para a China e depois para o Japão, o Ju-jutsu é japonês, ele pode ter sofrido diversas influências de outras linhas culturais, em particular a chinesa, mas não deixa de ser uma criação do povo japonês.
3)-"A morte do rei Asoka trouxe funesta conseqüência para o Budismo e, consequentemente para o JIU-JITSU. Os brâmanes, (adoradores da religião de Deus Brama, que florescia antes do Budismo), sentindo-se prejudicados pelo espírito da religião Budista, moveram pertinaz campanha até conseguir expulsar os monges budistas do solo indiano; razão da pouca influência do JIU-JITSU na Índia."
R)-MITO.
Essa afirmação foi criada para respoder a seguinte pergunta; "Se o Ju-jutsu nasceu na Índia, por que não existe Ju-jutsu na Índia?".
O que sabemos é que o Pankration foi levado pelos gregos a India durante a conquista por Alexandre o Grande. Logo se misturou com a arte marcial indiana, o Vajramushti. Posteriormente, se expande o Budismo pela China, os monjes levaram o Vajramushti aos templos chineses. A partir daí, misturam com as técnicas de Wushu.
O Pankration Trata-se de uma das mais antigas lutas gregas, uma mistura de boxe com luta livre, com golpes e técnicas de lutas que incluem socos, chutes, estrangulamentos, agarramentos e imobilizações, uma espécie de MMA do passado.
As únicas coisas proibidas no pancrácio eram morder, arranhar, golpear os olhos ou a genitália do adversário. As lutas não possuíam limite de tempo, e só acabavam quando um dos lutadores se rendia, ou como não era raro acontecer, morria. Mas mesmo sendo uma luta incrivelmente brutal e violenta, o pancrácio era uma das modalidades esportivas que compunham as olimpíadas na Grécia antiga, e segundos relatos, era o esporte de maior prestígio entre os helenos.
4)-" KENPÔ-JITSU
Arte de aplicar um golpe traumático (ATEMÍ) de JIU-JITSU (com braço) do KENPÔ originou-se o chamado “Box Chinês”.
O KENPÔ, nascido no sul da China, emigrou para diversas regiões, inclusive a ilha de OKINOWA onde, a cerca de 300 anos, passou a se chamar pelo nome de KARATÊ-JITSU (arte de lutas com mãos vazias). Tanto o KENPÔ como o KARATÊ nasceram do ATEMÍ (golpe traumático) de JIU-JITSU. Foi, porém, no Japão que o JIU-JITSU cresceu e enriqueceu-se, transformando-se na mais completa e melhor forma de defesa pessoal que se conhece em nossos dias."
R)-MITO
Primeiro o autor diz que o Kenpô é " Arte de aplicar um golpe traumático (ATEMÍ) de JIU-JITSU nascido no sul da China.", no texto acima afirma que "Apesar de contraditórias versões, a origem do JIU-JITSU é inegavelmente atribuída à Índia, berço das religiões e de cultura inigualável."!
E aí ? Onde nasceu o Kenpô ?
Na Índia ou na China ?
Parece que nem o autor sabe...
5)-"NASCIMENTO DO JUDÔ
Em meados do século passado, grave ameaça apresentou-se ao povo japonês, acarretando sério perigo ao seu grande segredo: o JIU-JITSU.
Em 1871, o Imperador MEIJÍ inicia grandes modificações sociais, propiciando a penetração dos ocidentais. A “ocidentalização” do Japão e a conseqüente penetração estrangeira iniciada nesta fase – que até então era um país fechado à cobiça de europeus e americanos, trouxe sério e grave problema para os hipônicos.
Um falso estilo de JIU-JITSU
Os japoneses de pequena estatura com conhecimentos de JIU-JITSU, tinham condições de derrotar, numa luta real, aos grandes e fortes ocidentais. Porém, a partir do momento em que estes aprendessem JIU-JITSU, a supremacia técnica dos japoneses, em luta corpo-a-corpo, desapareceria.
A curiosidade dos ocidentais, em aprender o famoso sistema de luta (o JIU-JITSU), passou a ser o problema de maior preocupação para os filhos do império do Sol Nascente. Resolveu então, o governo japonês, criar um falso estilo de JIU-JITSU para uso externo, sem eficiência como luta real. Assim sendo, por volta de 1880, um funcionário do Ministério de Cultura Japonesa ( e professor de JIU-JITSU) é escolhido para criar o JIU-JITSU falsificado “para inglês ver”.
Nasceu então o sistema KANO de JIU-JITSU ( que mais tarde foi batizado com o nome de Judô) criado pelo funcionário do governo, professor Jigoro Kano que, em 1882, fundou a escola KODOKAN.
Foi assim fechado aos olhos estranhos os segredos de sua arte marcial milenar.
Os livros e publicações sobre o verdadeiro JIU-JITSU foram recolhidos. Os cento e treze estilos de JIU-JITSU e milhares de escolas tiveram seus nomes mudados para Judô.
O ensino de JIU-JITSU aos estrangeiros passou a ser crime de lesapátria.
O judô esportivo – que nada mais é que um esporte das quedas do JIU-JITSU – foi exportado para o ocidente, acompanhado de grande propaganda.
Os japoneses passaram, então, ao treino de JIU-JITSU, entre si, às escondidas.".
R)-MITO
O professor Jigoro Kano, criador do Judô e fundador do Instituto Kodokan, nasceu em 28 outubro de 1860, no departamento de Hyogo, na cidade de Mikage, portanto seis anos depois da abertura dos portos japoneses pelo Comodoro Perry e a assinatura do Tratado de Paz e Amizade com os Americanos. No entanto quando da restauração do Meiji, isto é, quando foram restaurados todos os direitos e regalias imperiais ao Imperador Mutsuhito em 1868, o Shihan Jigoro Kano teria oito anos de idade, o que significa a nosso ver, que foi testemunha ocular do apogeu e do declínio do (bujutsu) arte das lutas.
Os fatos históricos mais importantes que vieram alterar o curso da história do Extremo Oriente foram sem dúvida o advento das armas de fogo, e a abertura dos portos pelo Comodoro Perry 1854 que rasgou o véu do segredo de centenas de anos que envolvia o Japão. Gradativamente foi sendo introduzida a civilização ocidental, e em poucos anos foram adotadas ali suas ciências, artes e técnicas, contribuindo em grande parte para a restauração do Meiji. Um decreto aboliu o uso dos sabres ou quaisquer armas usadas pelos samurais ou senhores. Já no regime Tokugawa só os guerreiros Samurais tinham o direito de portar armas, os homens do povo não tinham esse direito. Todas essas transformações foram vistas e vividas por Jigoro Kano que, nessas alturas dos acontecimentos tinha dezoito anos, aluno da Universidade Imperial de Tokio, observou que tudo que pertencia ao regime anterior era visto com maus olhos e fora de moda. As lutas dos guerreiros samurais entraram em declínio e foram relegadas a planos inferiores. O exército foi formado pelo modelo ocidental, como a formação de quartéis e adoção de técnicas e armamento moderno.
Não tinha mais sentido preparar soldados com armamento dos samurais como arco e flecha, espadas e vários outros instrumentos usados na agricultura e que se transformavam em armas de combate, todas pertencentes ao (kobudo) estilos do manejo de armas. Somente os samurais lhes eram fieis, 1871 marca um rápido declínio das lutas do Budo e o Ju-jutsu não foi exceção.
Os grandes mestres do Budo (samurais) e de todos os tipos de lutas foram obrigados a procurar outras ocupações, uns foram ensinar jujutsu para viver, outros foram para o exército ou para a polícia e até abriram pequenos Dojos para o ensino particular, muitos deles cometeram o suicídio por tanto desgosto.
Jigoro Kano era um jovem universitário de 18 anos muito franzino, media um metro e cinqüenta centímetros de altura e pesava cinqüenta quilos. Seus colegas de escola enciumados de seus dotes intelectuais e sucessos escolares faziam chacota e sempre era vitima da brutalidade dos mais fortes. Devido a esses trotes, Kano sonhava estudar Ju-jutsu para aprender a se defender. Porém, não encontrava professor, nessa época, os mestres do Budo, principalmente do Ju-jutsu, motivo do interesse de kano, estavam quase interditados e aqueles que o faziam era como se o fizessem na clandestinidade. Uma vez que o aprendizado das lutas era desprezível, próprio dos desocupados e não visto com bons olhos, os mestres feridos na sua dignidade estavam como que escondidos em face do impacto e opressão da cultura européia e americana.
Kano procurou Baizei Narai, velho cavalheiro do governo do antigo shogun e freqüentador da família Kano, que havia aprendido jiu-jitsu com o grande mestre Imai da escola Kiushin-ryu. Kano implora para que ele o ajude em seu projeto e a resposta foi negativa - Imagine! Seria uma traição para com seu pai você aprender uma arte completamente vulgar- depois, você terá que levar a sério seus estudos e não deve perder tempo com coisas insignificantes. Sem outra alternativa, Jigoro apela para o guardião das terras de seu pai, Rijuji Katagiri e a resposta foi outra negativa. Este então, disse que jamais desobedeceria a seu pai, principalmente sabendo o que ele pensava sobre o jiu-jitsu. Alguns anos depois, já na Universidade cursando a faculdade de letras, lhe foi recomendado um senhor chamado Teinosuke Yagi, que havia sido discípulo de Hachinosuke Fukuda. Yagi habitava uma pobre casa e ficou espantado quando Jigoro Kano lhe disse que queria aprender Ju-jutsu. Respondeu-lhe que não compreendia como um estudante franzino queria aprender Ju-jutsu. “Eu quero me desenvolver no Ju-jutusu”, precisa Jigoro Kano. – Bom, nesse caso eu não posso porque não sei muito Ju-jutsu para ensinar. Sou um simples encanador de ossos e consertador de luxações das articulações.
Existia um decreto que facultava aos velhos mestres de lutas do Budo desempregados em relação às mudanças políticas de exercerem as funções de reanimador de síncopes e todas as manobras do Kuatsu, encanar ossos quebrados, consertar luxações e socorrer afogados. Todos eles, sabiam um pouco de Ju-jutsu. Finalmente, Yagi ficou muito satisfeito com a solicitação de Jigoro e o levou a Fukuda que foi o seu primeiro mestre onde trabalhava também Masachi Iso, da escola Tenshin-Shin’yo-Ryu. Sob a direção desses mestres, iniciou-se nos mistérios da não-resistência. Fukuda morre e Kano herda suas crônicas e arquivos. Em seguida, foi aluno de Tsune Toshi Iikubo da Escola Kito-Ryu. Ele foi assim iniciado em outros segredos da Escola de Kito. No entanto, declara que jamais viu um estilo tão perfeito quanto do mestre Masachi Iso. Kano herda também os arquivos da Escola de Kito-Ryu.
Em 1882, com a idade de 22 anos, Kano se instala no templo de Eishosi, da seita Jodô, Zen-budista, e monta seu primeiro Dojô, berço do Judô.
Kano abre seu próprio Dojô, chamado Kodokan, onde ensinava uma variação moderna do Jujutsu que ele chamava Judô. A mudança do nome se devia ao fato de que Mestre Kano não queria que sua arte tivesse a conotação negativa conferida aos praticantes de Jujutsu, pois considerava repugnante a prostituição das artes marciais através de combates remunerados e desafios. Além disso a palavra "Do", caminho, era mais adequada aos seus objetivos: fazer do Judô um caminho, uma prática saudável para o corpo e para a mente e possível de ser praticado por homens e mulheres de qualquer idade. Em sua época era freqüente o número de acidentes sérios durante os treinos de Jujutsu. Jigoro Kano afirmou ainda que o têrmo escolhido, "judô", não havia sido criado por ele, mas era muito antigo, sendo utilizado pela escola Jikishin Ryu. Para diferenciar a sua arte ele a denominava "Kodokan Judô", nome pela qual ainda é conhecida.
Em 1898, em uma de suas conferências, Jigoro Kano, assim se pronunciou:
"Eu estudei jujutsu não somente porque o achei interessante, mas também, porque compreendi que seria o meio mais eficaz para a educação do físico e do espírito. Porém, era necessário aprimorar o velho jujutsu, para torná-lo acessível a todos, modificar seus objetivos que não eram voltados para a educação física ou para a moral, nem muito menos para a cultura intelectual. Por outro lado, como as escolas de jujutsu apesar de suas qualidades tinham muitos defeitos - concluí que era necessário reformular o jujutsu mesmo como arte de combate. Quando comecei a ensinar o jujutsu estava caindo em descrédito. Alguns mestres desta arte ganhavam a vida organizando espetáculos entre seus alunos, por meio de lutas, cobrando daqueles que quisessem assistir. Outros se prestavam a ser artistas da luta junto com profissionais de sumô. Tais práticas degradantes prostituíam uma arte marcial e isso me era repugnante. Eis a razão de ter evitado o termo jujutsu e adotado o do judô. E para distinguí-lo da academia Jikishin Ryu, que também empregava o termo judô, denominei a minha escola de Judô Kodokan, apesar de soar um pouco longo."
Como pódemos ver, Kano não foi "escolhido para criar o JIU-JITSU falsificado “para inglês ver”, Kano criou seu método mo derno de Ju-jutsu por achar que essa arte marcial era herança cultural de seu povo, não teve ajuda nehhuma do governo na criação do Judô.
Sobre a parte que diz que Kano criou "um falso estilo de JIU-JITSU para uso externo, sem eficiência como luta real" , é engraçado tal afirmação pelo simples fato de que em 1886 o "falso Ju-jutsu de Kano" venceu as maiores escolas de Ju-Jutsu Tradicionais da época em um campeonato patrocinado pela Polícia Metropolitana de Tóquio.Foram diversas lutas, foram 20 lutas, segundo a maior parte dos relatos descritos na literatura japonesa, e só houveram três empates, o Kodokan venceu os demais confrontos. Como poderia o Judô ser um falso estilo de JuU-JuTSU sem eficiência como luta real ???
Em 1888 aconteceu um novo campeonato patrocinado pela Polícia Metropólitana de Tóquio, o Kodokan saiu novamente vencedor.
Quanto a questão sobre ensinar Ju-jutsu "era crime de lesa pátria", é uma falácia sem bibiografia, não há nehuma referência na literatura japonesa sobre tal fato, portanto é uma clara intenção de disvincular o Ju-jutsu japonês do Judô, dando a imprenção que somente os Gracie aprenderam a verdadeira arte praticada pelos antigos samuarais.
Existiam vários mestres de Ju-jutsu rodando pela América antes mesmo da criação do Judô em 1882, muitos professores do Kodokan sairam mundo a fora para ensinar a arte no ocidente,além disso, o governo japonês jamais conseguiria "recolher" todos os exemplares de Ju-jutsu que foram traduzidos e importadoa para a América e Europa, existem centenas de versões desses livros e jornais da época.
Veja fotos abaixo.
6)-"Recentemente, após a morte de KANO, os próprios japoneses sentiram que o Judô estava lhes prejudicando em relação aos estudos do JIU-JITSU. E, sem a presença incômoda de KANO, trataram de introduzir secretamente, no Judô, um estilo de JIU-JITSU que servisse de defesa pessoal para os judocas – já que o Judô é mero esporte.
Assim foi ocultamente introduzido no Judô o:GOSHIN-JITSU."
R)-MITO!
Kano não criou um esporte, o que ele criou foi uma atitude “esportiva” no Judô, o que não é a mesma coisa. Ignorar isso, é ignorar muitos textos deixados por ele.
Kano também queria manter o aspecto de “vida e morte” da tradição dos antigos samurais nas disputas, O aspecto da submissão significava a “morte”, batendo, você concordava que o outro o havia “matado”, isso não é esporte, é uma atitude!
Com o final da Segunda Guerra, o Japão era um país conquistado, o General McArthur está no comando; Ele baixa um decreto que vai mudar a história do Judô para sempre. TODAS as artes militares foram banidas no Japão do Pós-guerra. O Kodokan foi fechado porque era uma academia militar. Depois de várias reuniões e encontros, foi acordado que o Kodokan poderia reabrir APENAS se ensinasse o Judô esportivo e apenas o Judô esporte, com o objetivo de se tornar um esporte olímpico. Como podemos ver, não foi Kano quem quis que o Judô se tornasse um mero esporte, mas o General McArthur, por mais de vinte anos, o Judô esportivo seria o único foco do Kodokan, sob a direção das forças americanas.
o Goshin Jutsu não é Ju-jutsu, é um plano de estudo de técnicas de autodefesa.
O Goshin Jutsu foi elaborado nos anos cinqüenta, quando 21 mestresdo Kodokan vieram construir uma forma modernizada de autodefesa a ser ensinada no Judô. O mais influente e provavelmente o mais conhecido por nós no ocidente, desses integrantes da Comissão, era Tomiki. Kenji Tomiki foi um estudante direto de Kano e também foi, por arranjo do próprio Mestre, aluno de Ueshiba, da escola de Aikido. Tomiki também foi enviado para aprender outros ryus tradicional, por ordem de Kano, todos aqueles antigos conhecimentos foram trazidos para subsidiar a elaboração do Goshin Jutsu moderno. Haviam técnicas de Goshin Jutsu antigas que já não eram mais praticadas. Estas estavam descartadas, escondidas, deixadas de fora por várias razões, e havia um sentimento de que havia necessidade de um Goshin Jutsu, mas o Kodokan quis uma versão modernizada. E de forma que foram chamados esses instrutores e lhes pediram que construíssem esta arte.
Como podemos observar, a afirmação que o Goshin jutsu foi um estilo de Ju-jutsu incluido no Judô contrariando as idéias de Kano não passam de uma nova falácia.
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