Takeo Yano, o mestre. Por: Manoel Procópio de Moura Júnior, procurador, escritor e sócio do IHGRN
O jogo esportivo de combate e defesa chamado Judô chegou ao Brasil no ano de 1922, em pleno período da imigração japonesa. O seu nome significa Caminho Suave, gerado da composição de (ju) suave, ceder + (do) caminho, via. Esta arte foi criada no Japão no ano de 1882, por Jigoro Kano. Neste esporte vence quem consegue o ippon (derrubar o adversário, imobilizando-o, com as costas ou ombros no chão durante 30 segundos). Não conseguindo, o judoca deve acumular pontos através dos seguintes desequilíbrios: wazaris (é um ippon incompleto, ou seja, o adversário cai sem ficar com os dois ombros no tatame, dois wazaris vale um ippon), yuko (quando o adversário é derrubado de lado, este golpe vale 1/3 do ponto) e, finalmente, o koka, (ocorre quando o adversário vai ao chão sentado, este golpe vale 1/4 de ponto). A soma de pontos definirá o vencedor.
Na década de 1950, funcionava em Natal uma academia de judô, no 3º andar do edifício nº 697, localizado na esquina da Av. Rio Branco com a Rua General Osório. Ainda menor de idade fui levado por Dona Lídia, minha genitora a esta academia. A intenção de minha querida mãe era de oferecer ao seu filho condições de defesa contra as agressões do mundo. Ao chegar à academia, fui apresentado ao professor cujo nome me pareceu estranho. Takeo Yano.
No primeiro contato tive a cristalina impressão de que se tratava de uma pessoa muito calma e seguro de si. Esta impressão se justifica por ser este o estado de espírito evidente nos praticantes do judô que tem como objetivo o desenvolvimento físico, mental e espiritual.
O mestre Takeo Yano, ensinava, além do judô, conhecimentos das técnicas do antigo jiu-jitsu (arte marcial japonesa) como defesa pessoal. Naquela academia tive várias lições de vida, entre elas aprendi a respeitar o adversário, mas nunca temê-lo; a ter confiança em mim mesmo e a controlar a agressividade; como também que o esporte podia transformar homens bons em homens melhores. Entreguei-me com afinco à prática do judô que passou a ser um complemento na minha educação e no meu desenvolvimento físico, intelectual e moral.
Quando ainda incipiente no meu aprendizado, foram meus contemporâneos no tatame do notável mestre japonês; o desembargador Wilson Dantas, o corretor de imóveis Francisco “Chico” Ribeiro e o empresário Waldemar Matoso, estes portadores da faixa preta, além de uma gama de jovens desejosos, como eu, de aprender aquela arte.
Freqüentei a academia de Takeo Yano, após a minha iniciação, todos os anos em que ele esteve na cidade do Natal. Dado a minha assiduidade, recebi várias graduações até ser considerado faixa preta. Tempos depois, em 1959, o melhor professor de judô que Natal já hospedou se transferiu para a cidade do Rio de Janeiro, e, depois de passar pela Bahia e São Paulo, fixou-se finalmente na cidade de Belo Horizonte, onde veio a se encantar no ano de 1988, deixando todos os seus alunos e admiradores órfãos de sua arte.
Quando a cidade do Natal sentiu a sua ausência, procurei dar continuidade aos estudos do judô, no entanto, minha busca foi inútil, já que nenhum dos judocas desta capital podiam ser comparados ao meu grande instrutor. Frustrado por não poder dar prosseguimento ao meu aprendizado, fui me acomodando até ficar rendido à impossibilidade de prosseguir na arte que me ensinou a lutar para me aperfeiçoar e não me aperfeiçoar para lutar.
Informa o Dr. Akira Yano, filho do inesquecível mestre, que a palavra em japonês para obrigado é arigatou e para muitíssimo obrigado é domo arigatou gozaimasu.
Guardo do judoísta Takeo Yano, nestes últimos cinqüenta anos, uma grata e imensurável admiração. Agradeço pelo fortalecimento que ele proporcionou ao meu físico, à minha mente e ao meu espírito, e principalmente, pelas lições de vida recebidas em sua academia. Portanto, neste tempo de agora, enfatizo. Obrigado respeitado e inesquecível mestre por ter me aceitado como seu discípulo. Arigatou mestre Takeo Yano, domo arigatou gozaimasu.
Fonte :http://www.jornaldehoje.com.br/portal/noticia.php?id=18699
Gostaria do endereço antigo da Academia Yano meu gran mestre quando em Belo Horizonte-MG,entre 1975,1980. Sou Haroldo Montijo, residente em Bambui-MG
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